Porém, a pergunta que não se quer calar é a seguinte: “será que é com políticas cambiais ou monetárias que conseguiremos equacionar os problemas estruturais da nossa economia, que como um tsunami vem corroendo a economia das das famílias das empresas (que produzem riqueza)?
Cícero (2008), disse que “superar índices sociais negativos sem responder às questões da economia é tarefa impossível”.
Entende-se por problemas estruturais de uma economia aqueles que impedem a construção e o desenvolvimento das suas bases. Já os problemas conjunturais constituem a combinação de acontecimentos ou eventos transitórios que ocorrem num dado momento, circunstância ou situação.
O principal objectivo das políticas cambiais consiste em manter o equilibrio entre a entrada e saída de moeda estrangeira no país, preservando os interesses do estado num dado momento ou circunstância que o país atravessa, evitando variações significativas e repentinas muito comuns no câmbio, muitas vezes, devido a factores externos.
Apesar de o recurso à aplicação destas políticas ter o potencial de contribuir para o bom desempenho da economia através da manutenção do equilibrio cambial, ela não passa de uma medida conjuntural e complementar a outras medidas económicas de carácter estrutural.
A sua aplicação como medida de política principal, para uma economia que vive dependente da importação de quase tudo, pode transmitir a falsa sensação de que tudo vai bem, sobretudo quando o câmbio é estável e moderado. Ledo engano.
O primeiro e principal problema estrutural da nossa economia é a estagnação, não há crescimento económico, o desemprego e a inflação são elevados, e a produção do petróleo se encontra em queda.
O segundo mega problema estrutural da nossa economia é o endividamento externo. A falta de produção interna e a queda do preço do petróleo têm limitado a criação de valor e a capacidade de as receitas suportarem o investimento e o consumo, provocando um aumento sustentado do endividamento da economia.
O terceiro problema estrutural da nossa economia é o nivel de vida. Começamos a empobrecer desde a eclosão da crise em 2013, com a redução crescente do poder de compra e da capacidade de produção das empresas, a inalteração deste quadro de declínio contínuo aproxima-se cada vez mais do extremo.
Concluindo, as políticas de natureza cambiais e monetárias resultam melhor quando são suportadas por outras medidas e estratégias económicas estruturais que permitem a construção e o desenvolvimento das bases económicas.
Estamos falar de uma maior aposta, investimento e formação no sector primário ( agricultura e mineração – produção da cana-de-açúcar, sisal, milho, óleo de coco e amendoim, algodão, batata, arroz, cacau e banana. Rebanhos como o bovino, o caprino e o suíno.
No sector secundário (indústria – produção de oleoginosas, cereais, carnes, algodão, açúcar, cerveja, cimento, madeira, pneus, fertilizantes, celulose, vidro e aço) No sector terciário (transporte, construção e mercados de capital).
Por Simão Pedro, Me
Advogado, Gestor e Consultor Jurídico
Mestre em Gestão e Administração de Empresas Públicas e Privadas - Mestrando em Ciência Política e Administração Pública pela Faculdade de Ciências Soiciais da Universidade Agostinho Neto.