A UNITA lamentou hoje o incidente que vitimou dois adolescentes envolvidos na recolha de lixo num aterro sanitário em Luanda, criticando o agravamento da fome e da pobreza que leva “famílias inteiras” a procurar alimentos nos resíduos.
Os números são arrasadores. Em viagens em serviços e transportação, o Governo desembolsou mais de 134,2 mil milhões Kz, mais 50,8 mil milhões Kz do que estava previsto. Já para o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, dos 140,8 mil milhões orçamentados, foram gastos 102,9 mil milhões Kz.
Nem mesmo o cheiro nauseabundo do espaço consegue afugentar os moradores que justificam a fome como a força de vontade para arriscarem a vida. Porém, entre revistas e reviradas, o que é depositado como lixo acaba por ser fonte de alimentação para centenas de famílias que dependem do Aterro Sanitário para sobreviver.
Organizações religiosas alertaram hoje para o agravamento das desigualdades sociais em Angola, originado pelo aumento do preço do combustível e dos transportes e pela carência alimentar, considerando que as manifestações ameaçam a estabilidade sociopolítica do país.
O juiz jubilado do Tribunal Constitucional angolano Onofre dos Santos considera que Angola é hoje, cinquenta anos após a independência, "um arquipélago, com algumas ilhas de riqueza" e "um oceano de pobreza", onde é preciso avançar com a "democratização".