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Terça, 22 Outubro 2024 12:33

Moçambique: Venâncio Mondlane convoca dois dias de paralisação e manifestações pacíficas

O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou hoje dois dias de paralisação e manifestação “pacífica” nacional em Moçambique a partir de quinta-feira, dia previsível do anúncio dos resultados das eleições gerais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).

“Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nós nos manifestemos. E não precisamos de informar a polícia, o município”, anunciou Venâncio Mondlane, através de uma comunicação de mais de 45 minutos na rede social Facebook.

“O país nestes dois dias deve ficar parado”, afirmou, descrevendo esta como a segunda etapa do que denomina de “roteiro revolucionário” de Moçambique, insistindo que a CNE se prepara para anunciar “resultados profundamente falsos”.

“Não é o que o povo votou. Isso está claro”, afirmou, numa alusão ao apuramento dos resultados ao nível das províncias, que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.

Na intervenção, que descreveu ser feita a partir de “parte incerta”, Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias “manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos” do país, e como um “presente” para a CNE.

“Já demonstrámos a partir do nosso centro de contagem paralela, já demonstrámos também a partir de editais que partilhámos com o nosso próprio povo.

E a consciência do próprio povo também mostra que não votou na Frelimo e que não votou no candidato da Frelimo (…) Por outro lado, o nosso povo continua humilhado, o nosso povo continua sacrificado”, disse, para explicar o propósito do afirma ser a segunda etapa da contestação.

O candidato defendeu que “os 64 bairros da cidade de Maputo devem-se manifestar”, “levantar os seus cartazes, levantar os seus dísticos”, assumindo que não haverá locais predeterminados para as manifestações, porque quando são convocadas a polícia “aparece” com blindados.

“Mas estamos a falar de manifestações pacíficas. Não é para destruir bens públicos.

Não é para destruir instituições públicas, não é para destruir os bens de que nós vamos precisar. Direito à manifestação é o nosso direito”, avançou. Antigo membro do Movimento Democrático Moçambicano (MDM, terceira maior força do país) e da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição), de onde saiu em maio passado em rutura o líder Ossufo Momade, Venâncio Mondlane apelou nesta intervenção à união da oposição.

“Se o objetivo é lutar por este povo, venham vocês também. Eu tive desavenças com a Renamo, não restam dúvidas, já tive desavenças com o MDM, não restam dúvidas. Mas, agora, meus irmãos, a causa é nacional, a causa é de uma nação inteira. Então vamos lá esquecer as nossas desavenças”, apelou.

As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação.

Após o duplo homicídio de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia Mondlane, na sexta-feira, o candidato convocou também a realização de marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo, confrontos de que resultaram pelo menos 16 feridos, segundo fonte hospitalar.

Em declarações aos jornalistas, na segunda-feira, Mondlane avisou que a marcha daquele dia era apenas a primeira de quatro fases de protestos até ao anúncio dos resultados das eleições, que incluíram as sétimas presidenciais em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais, pelo Conselho Constitucional.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

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