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Sexta, 13 Fevereiro 2015 21:56

S&P corta previsão de crescimento de Angola para 2,5% este ano

A agência de notação financeira Standard & Poor`s prevê que Angola cresça apenas 2,5% este ano, acelerando depois para 3,5% em 2016, e antecipa que a produção de petróleo fique abaixo do estimado pelo Governo.

"Esperamos que o crescimento fique na ordem dos 2,5% em 2015 e 3,75%, em média, entre 2015 e 2018", dizem os analistas da S&P na nota enviada aos investidores, que explica a revisão em baixa da avaliação do crédito soberano em um nível, de BB- para B+, com perspetiva de evolução Estável.

A previsão de crescimento da economia angolana para este ano é significativamente abaixo da média dos últimos anos, que a S&P lembra ter sido de quase 5% ao ano entre 2011 e 2014, e da previsão retificada do executivo angolano, que aponta para uma expansão do PIB na ordem dos 6,6%.

Por outro lado, as previsões são também negativas no que diz respeito à produção de petróleo, que vai novamente manter-se abaixo dos 2 milhões de barris por dia: "Incluímos também nas nossas previsões um aumento da produção de petróleo, de 1,66 milhões de barris por dia em 2014 para 1,73 milhões este ano, abaixo da expetativa do Governo de 1,83 milhões", acrescenta o documento.

Os analistas da S&P reconhecem que desde 2009, o ano da última crise petrolífera, foram feitas "numerosas reformas", mas a grande dependência das receitas petrolíferas condiciona a análise feita pela agência de `rating`, que antevê que o défice das contas públicas se inverta, passando de um excedente de 3,7% em 2014 para um défice de 7,5% este ano, e que a dívida pública ultrapasse os 30% do PIB, quando no ano passado se tinha ficado pelos 23%.

A explicação da S&P para a degradação do `rating` de Angola incide também sobre os passos que o Governo vai dar nos próximos tempos, nomeadamente nos cortes à despesa pública que estão previstos: "Esperamos cortes significativos na despesa pública, subsídios e compras de bens e serviços, em cada uma destas categorias em valores que podem ir até aos 60%", diz o documento.

A área em que a S&P também espera uma deterioração do ambiente económico é na política monetária, com a moeda nacional a poder sofrer uma desvalorização de 10% neste e no próximo ano face ao dólar, mas a agência nota que, entre 2011 e 2014, o kwanza valorizou-se 25% face à moeda norte-americana.

"Acreditamos que expatriar capitais tornou-se muito mais difícil, com o Banco Nacional de Angola a impor medidas restritivas. Notamos que a taxa de câmbio paralela é 30% mais fraca que a taxa oficial, e que há notícias de longas filas para obter um câmbio mais favorável; estas medidas pouco ortodoxas vão minar a confiança no setor empresarial e deprimir o investimento", concluem os analistas.

LUSA

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