Pelo menos 240 pessoas começaram a ser julgadas em processos relacionados com os tumultos e atos de vandalismo registados em Luanda no início da semana, dos quais oito foram condenados, dois absolvidos e dezenas aguardam decisão.
O último balanço provisório da Polícia angolana aponta para 30 mortos e 277 feridos na sequência dos tumultos registados, nos últimos três dias em várias províncias angolanas, devido a uma paralisação dos serviços de táxis.
Tanto a população como os próprios taxistas lamentam os episódios de violência que ocorreram durante os protestos, que começaram na passada terça-feira, e temem mais dificuldades no futuro.
Sete cidadãos nacionais morreram e 28 ficaram feridos em consequência dos actos de vandalização, arruaças, pilhagem e roubos em supermercados, lojas e armazéns que se registaram na manhã desta quarta-feira, nos municipais de Malanje, Cacuso e Quéssua.
Silvi Mubiala, 33 anos, saiu de casa na terça-feira para socorrer o filho, perdido no meio dos distúrbios. A população local que acusa agentes da Polícia de Intervenção Rápida de serem os autores dos disparos.
O Gabinete dos Direitos Humanos da ONU reclamou hoje às autoridades angolanas "investigações rápidas, exaustivas e independentes sobre as mortes de pelo menos 22 pessoas, bem como sobre as violações dos direitos humanos associadas" durante os protestos em Luanda.
O ministro do Interior angolano afirmou que o Governo está atento às “vozes legítimas” que pedem melhorias, mas avisou que a liberdade não se confunde com violência, prometendo firmeza contra quem “tentar mergulhar o país no caos”.
Em entrevista à DW, Álvaro Chikwamanga, secretário-geral da UNITA, diz que os protestos violentos são consequência do caos e pobreza que Angola vive e propõe o diálogo como única via para se ultrapassar a atual crise.
Após três dias de protestos em Angola, com mortos, feridos, detenções e pilhagens, o Presidente João Lourenço continua em silêncio absoluto, o que evidencia a desconexão do poder face ao sofrimento do povo, critica ONG.
A Ordem dos Advogados de Angola apelou esta quarta-feira à mobilização destes profissionais para, face ao "elevado número de cidadãos detidos nos últimos dias", integrarem as equipas que estão a ser formadas para garantirem um julgamento legal.