Quarta, 19 de Novembro de 2025
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Quarta, 19 Novembro 2025 22:36

Mercado paralelo de bilhetes da TAAG indigna passageiros

Ganha força a venda de bilhetes da TAAG nos canais não oficiais nas rotas Cabinda-Luanda, a preços exorbitantes, perante o silêncio das autoridades. Cidadãos dizem que é mais fácil viajar para a Europa do que em Angola.

De há algum tempo para cá, quem precisa viajar nas rotas de Cabinda-Luanda e vice-versa deve preparar cerca de 40 a 100 mil kwanzas (equivalente a 42 euros e 105 euros) para adquirir um bilhete nos canais não oficiais. Isto porque nos canais oficiais já não há passagens aéreas disponíveis.

Só para se ter uma ideia: a TAAG não dispõe de bilhetes para Luanda na classe económica até 31 de dezembro de 2025. Os motivos ninguém sabe explicar, nem a própria companhia aérea, que se recusa a prestar informações sobre esta situação já comum.

Em declarações à DW, o analista João Chimpolo Luzolo afirma que este cenário revela uma fragilidade institucional séria: "Quando os bilhetes desaparecem dos canais oficiais e reaparecem em esquemas paralelos, o cidadão sente-se abandonado. E isto não é apenas um problema técnico da aviação. É muito mais profundo."

Há quem entenda que a província de Cabinda já é, por natureza, uma província isolada e quando até o transporte aéreo começa a falhar, limita-se um direito básico que é o direito de mobilidade dentro do próprio país.

TAAG deve explicações

Por isso, Luzolo defende: "A TAAG precisa aparecer. Precisa falar, precisa explicar o que está realmente a acontecer e acima de tudo, ser transparente. Transparência não é um favor, é uma obrigação. Enquanto este silêncio continuar, a desconfiança aumenta, o mercado paralelo cresce e o distanciamento entre o Estado e a população só piora."

Sob anonimato, um dos comerciantes informais, mais conhecidos como "muambeiros", que compra bilhetes diretamente às Linhas Aéreas de Angola para revender, explicou à DW como tudo funciona: "Basta fornecer uma cópia do BI e ter pelo menos 40 a 50 mil kwanzas (equivalente a 42 euros e 52 euros), isto depende muito dos dias."

Há passageiros da companhia área angolana que consideram que é propositada a escassez de bilhetes, atendendo ao facto de a província ter todos os dias voos para Luanda.

"A verdade é que as pessoas aqui em Cabinda já estão cansadas. O cenário que estamos a viver faz nascer uma preocupação real, sobretudo quando muita gente afirma abertamente que é mais fácil viajar para a Europa do que simplesmente sair de Cabinda para Luanda e vice-versa", desabafou o passageiro Francisco Ngimbi.

Menos tempo, mais tempo, como mudar isto?

O executivo angolano assegura que a província de Cabinda continua a merecer uma atenção diferenciada no plano da aviação doméstica, com quatro a cinco voos diários, com uma taxa de ocupação de 98%. Com a política de subvenção implementada, a rota Luanda-Cabinda aumentou de 87.458 passageiros em 2017 para 228.998 passageiros em 2024.

O Presidente angolano, João Lourenço, no seu discurso sobre o estado da Nação, disse que o país deverá receber, até 2027, um total de 15 unidades Airbus A220-300 e para consolidar a frota de longo curso outros quatro Boeing 787-9.

No entanto, para Domingos Jeremias, residente em Cabinda, isso não basta: "Mais do trazer mais aeronaves é preciso fiscalizar e acionar mecanismos para punir e acabar com essas práticas e abrir portas para outras companhias ampliando a concorrência da TAAG."

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