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Domingo, 29 Mai 2016 01:55

Banco Nacional de Angola (BNA) acusa banca portuguesa de práticas de corrupção

Valter Filipe, governador do Banco Nacional de Angola (BNA) acusa “grupos empresariais estrangeiros e bancos de matriz portuguesa de práticas de corrupção e de suspeitas de financiamento do terrorismo internacional”.

Segundo a edição deste sábado do jornal Expresso o novo governador do banco central de Angola queixa-se de que o país “é uma porta frágil onde entra todo o tipo de risco financeiro”.

Especialmente duro com os bancos de origem portuguesa ou gerido por portugueses, Valter Filipe adianta que quer “adequar o seu funcionamento às normas prudenciais de Basileia e alinhar com a Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) e o Banco Central Europeu (BCE) para assegurar estabilidade monetária e cambial”. As declarações de Valter Filipe foram proferidas durante a apresentação do plano de reestruturação do BNA.

O governador do banco central angolano mostra-se ainda agastado com o facto de “70% das empresas do mercado angolano serem detidas por emigrantes de origem duvidosa” e atribuiu a bancos controlados por gestores portugueses alegados desvios de divisas para o mercado paralelo e prática de lavagem de dinheiro.

Para travar o círculo destas acções ilegais, Filipe considera vetar o acesso às operações cambiais do BNA a empresas acusadas de práticas comerciais lesivas dos interesses do país. Contudo, o facto dos grupos empresariais citados “terem como suporte políticos angolanos que, na maior parte dos casos, são consideradas pessoas politicamente expostas”, pode vir a ser o principal entrave à aplicação dessa medida.

Apesar de beneficiar alguns grupos como a Angolissar, de origem lusa, a nova política cambial do BNA, que ditou o fim da venda administrativa de divisas, está a ser alvo de críticas por alguns operadores estrangeiros, visto que, por exemplo no caso da Maxi, do grupo Teixeira Duarte, além de terem milhares de dólares por enviar, estão a enfrentar sérias dificuldades para renovar créditos junto dos fornecedores em Portugal.

Foi também destacado o papel das empresas libanesas do sector alimentar, que na sua maioria operam em situação ilegal, e que de acordo com a publicação Vanguarda, ocupam 70 por cento da fatia das micro, pequenas e médias empresas de panificação e pastelarias existentes em Angola.

Valter Filipe diz ainda que não tem condições para desempenhar as suas funções devido à incapacidade da instituição (BNA) "exercer o papel de regulador e supervisor" do sistema bancário em Angola. Com o país marginalizado pelo sistema financeiro internacional, o governador confessou que "depois dos doláres" Angola agora corre o risco de "deixar também de ter acesso a euros".

© Economico

 

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