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Terça, 17 Mai 2016 06:59

Surto de conjuntivite viral está a agravar-se em Luanda, causando já situações de cegueira

Vários hospitais da cidade de Luanda estão a ser atingidos por uma epidemia de conjuntivite viral, que se tem expandido a grande velocidade. Os médicos alertam para o risco de cegueira, por falta de cuidados médicos ou uso de medicamentos impróprios.

O Novo Jornal constatou o aumento de casos de conjuntivite em três hospitais municipais de Luanda. Em todos eles, encontrámos pessoas com sintomas da doença em busca de tratamento.

O primeiro destino, numa ronda efectuada esta semana [de 9 a 13 de Maio], foi o Hospital Municipal de Cacuaco. Anita Francisco, funcionária nesta unidade, confirmou que, nos últimos dias, o número de pessoas com conjuntivite viral aumentou consideravelmente.

"Diariamente, recebemos oito a 10 casos, e alguns em fase muito avançada, porque muitas pessoas só procuram os hospitais quando a situação é muito grave", adiantou a funcionária, acrescentando que, na semana passada, a unidade hospitalar recebeu mais de 20 casos.

De acordo com Anita Francisco, as pessoas devem ter cuidado porque a conjuntivite viral é uma doença altamente contagiosa e que pode levar à cegueira se não for tratada convenientemente. "A transmissão da conjuntivite é rápida e é de fácil contágio. Por exemplo, se alguém tiver a conjuntivite viral e pegar na mão de uma pessoa que não tem, essa toca nos olhos e a contaminação é automática", esclareceu.

No Hospital Municipal de Viana, o cenário não difere muito do que presenciámos em Cacuaco.

Alguns funcionários confirmaram ao NJ, sob anonimato, que nos últimos dias a unidade sanitária tem recebido muitos pacientes.

Recentemente, numa entrevista à Radio Luanda, o director do Hospital Municipal de Viana mostrou-se preocupado com o surto de conjuntivite e garantiu que tudo está a ser feito por parte da direcção para acabar com mais esta epidemia.

Também no Hospital Municipal dos Cangueiros, no Cazenga, se têm registado casos de inflamação nos olhos. No interior da unidade sanitária encontrámos alguns pacientes com sintomas da doença e que procuraram assistência médica para retomar a sua rotina diária.

Dois funcionários, que falaram sob anonimato, adiantaram ao Novo Jornal que todos os dias recebem uma média de cinco a oito pacientes.

Segundo as mesmas fontes, há dois anos que o hospital não recebia casos de conjuntivite viral, mas, nos últimos dias, o quadro inverteu-se. "Na semana passada, apareceu aqui uma senhora com uma conjuntivite muito avançada e num dos olhos já não vê. Ela poderá ficar cega porque usou um medicamento impróprio", contou um dos funcionários.

Teresa José está nessa situação. A mulher teme ficar cega porque se automedicou a conselho de uma amiga. "Fui aconselhada por uma vizinha a usar areia de Deus nos olhos. Disse-me que em poucas horas ficaria melhor e a minha situação só piorou. Num dos olhos já não vejo, e o médico disse-me que tenho de ser operada, porque o produto que usei é muito forte".

A equipa de reportagem tentou o contacto com responsáveis dos hospitais visitados, mas não teve sucesso.

"É fundamental lavar os olhos e fazer compressas com água gelada"

A directora do Gabinete Provincial de Saúde de Luanda, Rosa Bessa, confirmou à Angop que Luanda enfrenta "inúmeros casos de conjuntivite viral, altamente contagiosa", registando-se alguns casos que apresentam particular gravidade. A responsável apelou à população para reforçar as medidas de prevenção.

Rosa Bessa informou que as pessoas infectadas devem cumprir alguns cuidados especiais com a higiene, para controlar o contágio e evitar a propagação da conjuntivite.

"Qualquer que seja o caso, é fundamental lavar os olhos e fazer compressas com água gelada, que deve ser filtrada e fervida, ou com soro fisiológico comprado em farmácias ou distribuído nos postos de saúde", alertou.

Contudo, a governante aconselha as pessoas acometidas com a conjuntivite a dirigirem-se a uma unidade hospitalar a fim de serem consultadas por um oftalmologista.

"Não é aconselhável o uso de medicamentos caseiros, como folhas, chás ou urina, porque podem danificar os olhos e provocar lesões irreversíveis que levam à cegueira", reforçou a directora do Gabinete Provincial da Saúde.

Os principais sintomas da conjuntivite são os olhos vermelhos e lacrimejantes, pálpebras inchadas, sensação de areia ou de cisco nos olhos, secreção purulenta ou esbranquiçada, coceira, dor ao olhar para a luz e visão turva. Em geral, a conjuntivite ataca os dois olhos, porque um olho contamina o outro, e pode durar de uma semana a 15 dias.

NJ

 

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