De acordo com as mesmas fontes, as ligações da repórter ao setor da inteligência não se restringiriam ao campo profissional. A sua irmã, Nurith Verás, casada com um agente norte-americano, exerceu funções durante vários anos na Embaixada de Angola em Washington, acompanhando operações consideradas sensíveis do Estado angolano no exterior.
Essas conexões familiares e institucionais estão na base de acusações de que Hariana Verás Victoria não estaria a desempenhar plenamente o papel de jornalista independente, mas sim a integrar uma alegada rede de interesses políticos e económicos direcionada para projetar uma imagem favorável ao regime do Presidente João Lourenço junto de instâncias internacionais, incluindo a Casa Branca.
As denúncias também atingem o próprio Serviço de Inteligência Externa de Angola, acusado de se afastar da sua missão primordial de proteção e soberania nacional.
O actual diretor, Matias Bertino Matondo, é apontado por críticos como um dirigente de perfil “pouco firme”, mais focado em recuperar operativos aposentados considerados leais ao sistema do que em investir em novos quadros.
Segundo as mesmas informações, muitos desses agentes reformados foram destacados para embaixadas em países estratégicos – como Portugal, França, Estados Unidos, Japão, Espanha e Turquia – numa prática considerada onerosa e pouco eficaz para os cofres públicos.
No caso específico de Hariana Verás Victoria, críticos sustentam que a sua atuação estaria a ser utilizada para enfraquecer vozes críticas internas e, em paralelo, construir no exterior uma narrativa positiva sobre Angola, apesar das recorrentes denúncias relacionadas com corrupção, repressão política e violações de direitos humanos.
Organizações da sociedade civil têm alertado que tais práticas, a confirmarem-se, representam uma ameaça à confiança pública e colocam em causa a credibilidade das instituições estatais, num contexto em que o país enfrenta pressões internas e externas para reforçar a transparência e a responsabilização. Imparcial Press