A pressão é exercida pelo autodenominado “Movimento de Resgate”, um segmento de militantes contestatários da actual direcção.
Os opositores internos têm em Rafael Mukanda, antigo director do gabinete do actual secretário-geral-adjunto da UNITA, uma espécie de porta-voz, que vai disseminando nas redes sociais apelos para que, na eventualidade de Samakuva se candidatar, os delegados votem no antigo líder, que consideram o candidato ideal para a preservação dos ideais de Muangai.
“Com Adalberto Costa Júnior, a UNITA tornou-se refém dos ‘marimbondos’, que usam o partido como meio para enfrentar o Presidente da República”, disse, ontem, ao Jornal de Angola, Rafael Mukanda, ao denunciar que a Frente Patriótica Unida (FPU) é uma plataforma que conta com o apoio de figuras que delapidaram o erário e que agora estão a contas com a justiça.
Mukanda acusou, ainda, a actual direcção da UNITA de ter um projecto, a ser submetido no congresso, que visa à transformação dos actuais símbolos do partido, no âmbito da formalização de um novo ente político, no caso a FPU. “Pensam em símbolos e hino novos para o partido, para que deixe de existir”, disse.
O Movimento de Resgate, de acordo com Rafael Mukanda, “quer de volta a UNITA de Jonas Savimbi”, cujo modelo foi seguido por Isaías Samakuva, que liderou o partido entre 2003 e 2019.
O político considerou que, neste momento, a UNITA não tem nenhum militante com capacidade para enfrentar Adalberto Costa Júnior na luta pela liderança do partido. Aliás, só há um: Isaías Samakuva, “o único capaz de preservar o legado de Jonas Savimbi.
Questionado se este aceitaria o desafio de voltar a candidatar-se, tendo em conta a idade, Mukanda afirmou que Samakuva deve aceder ao apelo, à semelhança do que fez em 2003, quando desafiou nas urnas o então secretário-geral, Lukamba Paulo “Gato”, a quem venceu. “Reconhecemos a idade avançada do Mais Velho Samavuka, mas acreditamos que ele tem mais força e lucidez que muitos jovens que se encontram na UNITA”, afirmou.
Reacção de fonte da direcção
Uma fonte da direcção da UNITA , contactada pelo Jornal de Angola, desmentiu as acusações do Movimento de Resgate, afirmando que o trabalho deste grupo é criar confusão no seio do partido. “Ganha por isso. Nunca prova nada do que acusa”, disse, aconselhando o jornalista que o melhor seria ignora-lo.
Isaías Samakuva não afastou um eventual regresso à liderança da UNITA. “Não digo que desta água não beberei”, disse, aquando da apresentação pública da Fundação Jonas Malheiro Savim- bi, de que é presidente.
Sobre uma eventual recandidatura do ex-presidente do partido, a fonte acima citada comentou: “Não acredito que Samakuva queira botar por terra todo o capital político interno que construiu. A sua recandidatura acarreta riscos de uma boa humilhação”.