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Quarta, 17 Agosto 2016 17:09

Activistas angolanos prometem “contraponto positivo ao congresso do MPLA”

No dia em que arranca o congresso do MPLA em Luanda, os 17 activistas angolanos que tinham sido condenados a penas de prisão por rebelião vão dar uma conferência de imprensa apresentada como um “contraponto positivo ao congresso do MPLA”. Os jovens também querem mostrar como a prisão fortaleceu a "metodologia de luta em termos de activismo”.

A conferência de imprensa dos 17 activistas angolanos que tinham passado um ano na cadeia acusados de rebelião coincide com o primeiro dia do congresso do MPLA para a reeleição de José Eduardo dos Santos.

Nuno Álvaro Dala disse à RFI que a data é “mera coincidência” mas que acaba por ser um “contraponto positivo ao congresso do MPLA”.

“Escolhemos o dia 17 por mera coincidência. Soubemos que a data coincide com o congresso do MPLA há alguns dias, quando alguém nos alertou para esse facto. Mas, pronto, para nós acaba sendo uma coincidência que nos leva naquela lógica de termos a nossa conferência de imprensa como um contraponto positivo ao congresso do MPLA”, declarou.

O activista sublinhou que “o objectivo principal consiste em mostrar em que medida a experiência da prisão desempenhou um papel positivo na estrutura de valores e metodologia de luta em termos de activismo” e também vão ser denunciadas as más condições nas prisões angolanas e durante a prisão domiciliária.

Nuno Dala disse, também, que na conferência se pretende apresentar “uma mensagem para os angolanos sobre o momento que o país vive” e “caminhos para a saída da crise”.

O activista angolano reiterou que os activistas não se revêem na amnistia por estarem inocentes e lembrou que na próxima semana vai ser entregue no Supremo Tribunal uma petição para libertar “Dago Nível”, o qual está a cumprir uma pena de oito meses de cadeia por ter gritado na sala de audiências que o julgamento dos 17 activistas era uma “palhaçada”.

Condenados a penas entre dois a oito anos e meio de prisão por crimes de rebelião e associação de malfeitores, os activistas foram libertados a 29 de Junho sob termo de identidade e residência.

A maioria das detenções dos 17 aconteceu a 20 de Junho de 2015, depois de os jovens do movimento revolucionário angolano terem participado em reuniões para um curso de formação de activistas.

Nas reuniões era estudado o livro “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura — Filosofia Política da Libertação para Angola", do professor universitário Domingos da Cruz, uma adaptação da obra "From dictatorship to Democracy", de Gene Sharp, que inspirou as revoluções da "Primavera Árabe”.

O processo ficaria conhecido como "15+2", em alusão aos 15 activistas que ficaram em prisão preventiva e duas jovens que aguardaram o julgamento em liberdade.

O caso foi bastante mediatizado a nível internacional, com o rapper Luaty Beirão a protagonizar uma greve de fome de 36 dias. 

RFI

 

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