Em causa está uma manifestação pacífica, não autorizada, contra o regime liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos e em solidariedade com os 15 ativistas detidos desde junho em Luanda, promovida a 30 de outubro pelo autodesignado "Movimento Revolucionário de Benguela".
De acordo com David Mendes, dirigente e advogado da associação Mãos Livres, que em conjunto com o advogado Francisco Viena vai assegurar a defesa destes jovens, sob detenção desde sexta-feira, estes estão acusados de desobediência à autoridade, pela realização da manifestação.
No sábado, 31 de outubro, uma outra manifestação com o mesmo propósito, convocada pela União dos Ativistas das 18 Províncias, foi igualmente travada pela intervenção da polícia, que deteve seis jovens, entretanto libertados.
"O processo de liberdade de expressão não se para com repressão. O facto de isso ocorrer em Luanda, ocorrer em Benguela, em Malanje - que não é a primeira vez que ocorre em Malanje -, demonstra que há uma juventude que tem uma visão diferente daquilo que é o país e que quer mudanças", apontou à Lusa o advogado David Mendes, que se encontra em Benguela para participar na defesa dos jovens.
"Estamos a tentar que sejam libertados, vamos ver o que vai acontecer na quinta-feira, no julgamento sumário", disse ainda, recusando a argumentação das autoridades para proibir a realização destas manifestações, de contestação ao regime.
As manifestações e detenções de Benguela e de Malanje, províncias respetivamente no centro-litoral e norte-interior de Angola, surgem numa altura de forte pressão internacional sobre as autoridades angolanas devido à detenção, desde junho, em Luanda, de 15 jovens, acusados de atos preparatórios para uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano.
Entre estes está o ativista e 'rapper' luso-angolano Luaty Beirão, que na terça-feira passada terminou uma greve de fome de protesto que se prolongou por 36 dias, exigindo aguardar em liberdade pelo julgamento, já agendado para 16 de novembro.
"Fica bem que o que está aqui é um movimento pela mudança e, querendo ou não, a pressão já não está a ser suficiente para conter este movimento", concluiu o dirigente da associação Mãos Livres, David Mendes.
Lusa