A percepção de que a crise enfraqueceu, de facto, Santos é já identificada em indivíduos e meios do MPLA e do regime, segundo o Africa Monitor Intelligence. Estes consideram mesmo que o fenómeno se acentuará ainda mais com a continuação da crise e a gestão pouco transparente dos meios que poderiam atenuar os seus efeitos.
As autoridades demonstram “inquietação anormal” na forma como estão a lidar com a situação adversa criada pela queda do preço do petróleo. Há evidências de “zelo extremo” da linha preventiva e/ou dissuasora que vem sendo seguida.
Angola beneficiou na última década do nível de preços do petróleo mais alto de sempre. A economia angolana não se diversificou, mesmo com o afluxo de receitas petrolíferas, e o regime é particularmente responsabilizado por isso, a nível interno.
Só por razões de conveniência ou falta de sensibilidade ainda não é reconhecido internacionalmente que a posição política de Santos está enfraquecida. Os seus apoios a nível regional são fortes.
Mas, de acordo com o AM Intelligence, Santos revela agora mais temores do que em qualquer outro momento similar do passado. O dispositivo militar que tem a missão de assegurar a sua protecção e segurança foi reforçado, nomeadamente com mais cubanos.
Dentro do regime, há sinais de oportunismo da parte de alguns elementos, que se distanciam do presidente, nomeadamente com críticas veladas, na perspetiva de que “a situação está a mudar”.
Algumas figuras respeitadas da política angolana têm vindo a endurecer as críticas ao regime. No passado fim-de-semana, o ex-primeiro-ministro Marcolino Moco veio defender publicamente uma mudança de regime.
AM