Em declarações à DW África, Bruno Xingui, um dos advogados de Osvaldo Kaholo, fez saber que o ativista decidiu entrar em greve de fome em protesto pela forma como tem sido tratado no processo que o conduziu à cadeia.
"Está em greve de fome, recusa-se alimentar-se das refeições que lhe são entregues por entender tratar-se de uma prisão política", diz Xingui.
Para o advogado, a greve de fome de Osvaldo Kaholo é legítima, tendo em conta as irregularidades que estiveram na base da sua detenção.
"Nós, como advogados, e alguns outros colegas que também acompanham este cenário, comungamos da mesma ideia de que a detenção foi arbitrária e ilegal", sublinha.
Medo de envenenamento
De acordo com Elsa Kaholoa, irmã do ativista, Osvaldo Kaholo recusa-se a fazer refeições dentro do estabelecimento prisional com receio de envenenamento, por entender que a sua detenção teve motivações políticas.
"Ele exige que a comida lhe seja entregue pela família, sem passar pelos serviços prisionais, com receio de ser envenenado", conta.
Osvaldo Kaholo ja foi ouvido por um juiz, que manteve a medida de coação mais gravosa ao arguido.
O advogado Bruno Xingui acha excessiva a medida coação aplicada, "porque não há aí continuidade de nenhum crime, não há necessidade de se obstruir qualquer tipo de provas".
Perante este cenário, a mãe de Osvaldo Kaholo, Isabel Correia, diz não ter dúvidas de que o filho é uma vítima: "Essa cadeia é uma cadeia política. Ele deveria responder em liberdade, mas não o deixam porque constitui uma ameaça ao país", acusa.
Tentámos ouvir ouvir os Serviços Prisionais sobre o assunto, mas não foi possível obter uma reação.
O nome de Osvaldo Kaholo ganhou destaque em Angola, no caso 15+2, em 2015, quando juntamente com outros ativistas foi acusado de tentativa de golpe de Estado por contestar o Governo do então Presidente José Eduardo dos Santos. Kaholo foi igualmente detido na ocasião.