"Nós, o movimento estudantil e a sociedade civil estaremos a realizar no sábado, em Luanda, uma manifestação para exigir do Governo que recue no aumento das propinas, no aumento dos combustíveis, que recue nas medidas do aumento da energia, da água e da cesta básica", disse hoje o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira.
Em declarações à Lusa, o responsável disse que a marcha agendada para sábado, 19 de julho, surge para repudiar as medidas governantes que agravam a dor e o sofrimento dos jovens e das famílias angolanas.
"Não podemos aceitar que o Governo aumente o nosso sofrimento e que continue a nos criar dores, quando eles têm tudo e nós não temos absolutamente nada. Nós estaremos na rua, porque entendemos que a vida dos jovens, a vida dos estudantes está cada vez mais difícil", referiu.
Para o presidente do MEA, o aumento das propinas, do preço do combustível, da água e eletricidade resultam de medidas "impostas" pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial (BM) ao Governo angolano e concorrem para o agravamento da condição de vida dos angolanos.
"Se nós não travarmos os apetites insaciáveis do FMI, do Banco Mundial e do Governo angolano, esses indivíduos vão delapidar completamente o país, é preciso lutarmos unidos e é preciso a juventude levantar-se", frisou.
O líder estudantil entende, por isso, que todos os jovens angolanos "devem levantar-se para exigir que quer o FMI, o BM e o Governo [angolano] não aumentem mais o sofrimento dos jovens e das populações angolanas".
Há uma semana que a tarifa dos táxis coletivos em Angola passou a ser de 300 kwanzas (0,28 euros) por viagem e a dos autocarros urbanos sobe para 200 kwanzas (0,19 euros) por viagem, desde segunda-feira, uma medida que surge na sequência do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro (0,28 para 0,37 euros) a partir de 04 de julho.
Associações do ensino privado em Angola anunciaram em junho que o ajuste do valor das propinas e emolumentos para o ano letivo 2025-2026, que se inicia em setembro, será de 20,74%, limite máximo, acompanhando o valor da inflação, no mesmo mês em que o Governo aumentou as tarifas da água e eletricidade.
"Dói-nos o facto de aumentarem as propinas sem consultar os estudantes, dói o facto de muita gente que vai desistir da escola por incapacidade financeira, por isso é que convocamos essa manifestação e vamos realizar em várias províncias do país", assinalou o presidente do MEA.
Além de Luanda, Uíje, Huíla, Malanje, Lunda Sul e Cuanza Sul são as outras províncias que devem realizar protestos no sábado, como realçou Francisco Teixeira, dando nota que em Luanda a marcha deve iniciar-se em frente ao Mercado de São Paulo e seguir até ao Ministério das Finanças.
Assegurou que autoridades administrativas em Luanda foram já comunicadas sobre a "marcha pacífica", exortando os cidadãos a juntarem-se aos protestos: "Pedimos à juventude que não se cale, é o nosso futuro que está em jogo e não podemos continuar no sofá", concluiu.