A nova fileira deverá ser integrada na próxima fase do programa, atualmente em estruturação, indicou Estevão Chaves.
"A nossa visão futura no PDAC é a introdução de frutas e estamos neste momento a fazer um estudo sobre a cadeia do abacate, pensando no Corredor do Lobito e em integração com o programa Diversifica+, no sentido de introduzirmos a fileira de frutas para os nossos beneficiários", explicou, durante a visita de uma delegação de embaixadores da União Europeia ao município do Chinguar (Bié)
"Queremos muito futuramente olhar para a questão do abacate, que é um dos focos do Corredor do Lobito, para ver se os nossos beneficiários conseguem pôr abacate na plataforma que está a ser construída e exportar", adiantou.
A aposta insere-se na política de reconversão dos sistemas agroalimentares promovida pelo Governo angolano, que visa diversificar a produção agrícola e reduzir a dependência de monoculturas como o milho, surgindo a fruta como uma cultura de rendimento com valor comercial e potencial de exportação, que pode reforçar a segurança alimentar e melhorar os rendimentos das famílias rurais.
O PDAC, um projeto do Ministério da Agricultura, financiado pelo Banco Mundial e pela Agência Francesa de Desenvolvimento, já apoiou mais de 525 planos de negócio em seis províncias -- incluindo o Huambo e o Bié, integradas no traçado ferroviário do Corredor do Lobito -- e conta com mais de 70 beneficiários diretos na região centro de Angola.
Atualmente, contempla 14 cadeias de valor, incluindo milho, soja, feijão, café, frango, mandioca, batata, ovos, trigo, arroz, amendoim, caprinos e ovinos.
A introdução de frutas deverá marcar uma nova fase do projeto e responde ao objetivo da União Europeia e das autoridades angolanas de valorização do potencial agroindustrial do corredor ferroviário.
O Corredor do Lobito, com mais de 1.300 quilómetros de extensão, liga o porto do Lobito, na costa atlântica, ao leste de Angola e à fronteira com a República Democrática do Congo (RDCongo), através de linha férrea.
É considerada uma infraestrutura estratégica para o transporte de minérios, mas também para o escoamento de produtos agrícolas, estando em curso a criação de polos agroindustriais ao longo do seu traçado.
A visita da delegação de embaixadores da União Europeia tem como objetivo reforçar a cooperação nestas províncias angolanas e mostrar alguns dos projetos financiados com fundos europeus.
Hoje no Chinguar os diplomatas europeus encontraram-se com agricultores apoiados pelo PDAC, que explicaram como aumentaram a produtuvidade e conseguiram aceder ao crédito bancário
O PDAC funciona através de uma lógica de cofinanciamento e redução de risco para atrair os bancos comerciais ao setor agrícola. "Nós não somos uma entidade de crédito, mas somos uma entidade que atrai o crédito", explicou o gestor do projeto.
O modelo assenta em pilares como os "matching grants" (financiamentos co-participados) e acompanhamento técnico aos produtores, mecanismos que, segundo Estevão Chaves, tornam o programa particularmente atrativo para a banca comercial, num contexto em que o acesso ao crédito agrícola é ainda limitado em Angola.
No Huambo, a embaixadora europeia Rosário Bento Pais sublinhou que a UE investe não apenas em infraestruturas, mas também na diversificação económica, educação e boa governação.
"Que este Corredor seja um bom exemplo e possa apoiar o desenvolvimento de outros [em África]", afirmou.