Domingo, 16 de Março de 2025
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Sexta, 07 Fevereiro 2025 15:21

Clima de medo paira na AGT, número de detenções sobe para 9

Subiu para oito o número de detenções na Administração Geral Tributária (AGT), pelos crimes de acesso ilegítimo a sistema de informação e devassa através de sistema de informação, falsidade informática, associação criminosa, peculato e obstrução à justiça, aumentando a consternação e o clima de medo vivido nas instalações da autoridade tributária.

O Serviço de Investigação Criminal (SIC), entidade que chefia a investigação, anunciou também esta semana a detenção de um empresário e consultor na empresa China Huashi Group (H&S), localizada no Camama. Trata-se de Erivaldo Teixeira Pereira da Gama, o que faz subir para 9 o número de detidos neste caso. Encontra-se ainda foragido da justiça um técnico do Serviço de Tecnologias de Informação e Comunicação das Finanças Públicas (SETIC-FP), órgão do Ministério das Finanças dedicado à modernização das finanças públicas, através da tecnologia, e que também tem ligações a este caso.

A lista de detidos, no âmbito do escândalo que lesou o Estado em 7 mil milhões Kz, tem vindo a aumentar todas as semanas desde que o escândalo rebentou. Na AGT o clima é de medo e de consternação e "as movimentações do SIC" dentro da instituição aumentam a pressão sobre os funcionários tributários. A ordem da AGT foi para todos, incluindo os que estavam em regime de teletrabalho, regressarem às instalações da Administração Geral Tributária e, nesta fase, estão todos a trabalhar presencialmente, constatou o Expansão junto de várias fontes. "Há uma grande apreensão por parte das pessoas que trabalham na AGT agora, até porque está-se a meter tudo no mesmo saco e as pessoas honestas que aqui estão sentem-se envergonhadas", confidenciou uma fonte. Nos olhares que se cruzam e nas conversas trocadas nos corredores está sempre presente a pergunta: "quem será o próximo a ser preso?" "Este é o sentimento vivido por todos. É obvio que há um mal-estar generalizado", sintetiza a fonte, notando que, apesar de terem perfeita noção das repercussões que este caso ia ter, os responsáveis da AGT preferiram denunciar os indícios de crime às autoridades, em vez de fecharem os olhos ao que se passa, como acontece noutras instituições do Estado, onde se "abafam" comportamentos criminais.

PCA da AGT em silêncio

O PCA da AGT, José Leiria, mantém-se em silêncio, enquanto decorrem as investigações, e as reacções da AGT limitaram-se a dois comunicados. No primeiro, datado de 24 de Janeiro, a autoridade tributária confirma a detenção de dois funcionários, após entregar ao SIC evidências de "operações irregulares de pagamentos de impostos no sistema". O outro, do dia 27 de Janeiro, contém esclarecimentos adicionais, após uma reportagem televisiva ter "erradamente associado" outros detidos ao caso AGT. Nessa altura ainda só tinham sido detidos dois funcionários: Pedro da Silva Lomingos e Alípio Edgar Pereira João.

Envolvidos no caso AGT forneciam senhas a colegas sob licença de trabalho noutras empresas para realizarem operações fraudulentas

Apesar do desfalque só ter vindo à tona estes dias, a operação que desfalcou a Administração Geral Tributária (AGT) em mais de 7 mil milhões de kwanzas já vinha sendo opeacionalizada há mais de três anos. Entretanto, no âmbito deste processo investigativo, decorreu ontem, no Tribunal Dona Ana Joaquina, em Luanda, à porta fechada, o interrogatório de nove funcionários envolvidos

Segunda fonte, ligadas ao processo investigativo, apontam que os nove funcionários acusados no caso de desvio dos 7 mil milhões de kwanzas da Administração Geral Tributária (AGT) forneciam senhas aos ex-colegas sob licença de trabalho noutras empresas para a realização de operações fraudulentas que lesaram os cofres do Estado angolano.

Segundo fontes, com as senhas fornecidas, o grupo entrava no sistema financeiro da AGT e efectuava operações “criminosas” que consistiam em pagamentos e também na liquidação de dívidas de centenas de empresas, cujos valores, posteriormente, eram desviados e encaminhados, supostamente, para as contas bancárias da “rede criminosa”.

Isto possibilitou, desta forma, lesar o Estado em mais de 7 mil milhões e kwanzas num período superior há três anos. Entretanto, até ao momento, as investigações, conduzidas pela Direcção Nacional de Combate aos Crimes Informáticos, em coordenação operativa com o Gabinete de Cybercrime da PGR, SINSE e demais órgãos operativos de especialidade, possibilitaram a apreensão de 27 viaturas e três imóveis.

No âmbito do processo investigativo, ontem decorreu, no Tribunal Dona Ana Joaquina (em Luanda), à porta fechada, o interrogatório de nove funcionários envolvidos. EXPANSAO

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