“Temos processos que, pela sequência investigativa e pela qualificação das autoridades, trata-se de crime organizado que também foram já atuados e instruídos e que deram entrada às autoridades judiciais”, disse hoje o diretor do gabinete jurídico do Serviço de Investigação Criminal (SIC), José Alfredo, em declarações à Rádio Nacional de Angola (RNA).
De acordo com o superintendente do SIC, a atividade clandestina de pesagem e transformação de material ferroso é uma preocupação das autoridades.
Dorivaldo Adão, porta-voz da comissão provincial de Luanda do Programa de Proteção de Bens Públicos, também citado pela RNA, admitiu estar subjacente o crime organizado nas ações de vandalização de bens públicos, em que estão envolvidos, sobretudo, cidadãos estrangeiros e crianças.
“Temos muitos cidadãos expatriados nesse negócio", disse, destacando o envolvimento de cidadãos asiáticos e oeste africanos.
"Estamos a falar de mais de 60%, e crianças também”, acrescentou.
Segundo o responsável, o envolvimento de crianças no processo de vandalização dos bens públicos constitui uma ação estimulada por adultos, pelo facto de estas serem inimputáveis perante a lei.
Diariamente, em várias províncias angolanas, com grande realce em Luanda, crianças, jovens e adolescentes procuram por sucatas, madeira e plástico no lixo ou em obras inacabadas para posterior pesagem em armazéns improvisados, como constatou anteriormente a Lusa.
O material ferroso constitui a grande preferência dos autores que vandalizam bens públicos, com a retirada de tampas de esgotos e grades de sarjetas - em falta por toda a cidade - cabos elétricos, cabos de fibras, lâmpadas, postos de alta tensão, caminhos de ferro e postos de transformação, como relatam as autoridades policiais.
O parlamento angolano aprovou, em julho passado, a Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos, com penas que vão dos três aos 25 anos de prisão para os prevaricadores.