Quinta, 02 de Mai de 2024
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Terça, 07 Novembro 2023 20:14

Novo aeroporto de Luanda é sinal de “complexo de grandeza”

O novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, que custou cerca de 3 mil milhões de dólares, vai ser inaugurado nesta sexta-feira, 10, em Angola e nesta primeira fase deve funcionar com operações de carga.

A infraestrutura é descrita como tendo uma capacidade de 15 milhões de passageiros por ano, volume tido como sendo cinco vezes superior ao trafegado no atual Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.

O jornalista Graça Campos comentou na sua página do facebook que “o Presidente inaugurará uma infraestrutura que já devorou biliões de dólares – e devorará outros – sem que esteja assegurada a sua utilidade efectiva”.

Para Graça Campos, o aeroporto "é, aliás, a maior prova da falta de compromisso de quem governa Angola com as mais clamorosas necessidades dos filhos deste sofrido país”.
Campos concluiu dizendo "projetado para um movimento anual de muito improváveis 15 milhões de passageiros, é, também, a prova do complexo de grandeza que consome a elite governante deste país".

Na opinião do economista e académico João Maria Chimpolo, “as rotas regionais não vão compensar os custos investidos neste aeroporto” ao mesmo tempo que também questiona a rentabilidade da infraestrutura.

“Angola não é um país onde a maioria dos países da Africa Austral circula por causa da língua à excepção de moçambicanos que vêm por quatro cinco dias”, diz Chimpolo, screscentando que "não há passageiros para tal e temos uma TAAG que está cheia de problemas”.

Para o jornalista Ilídio Manuel, o país não reúne condições que promovam a atração de turistas por falta de estradas, por altos custos de alojamento e ainda pelas restrições que existem na livre circulação de turistas pelo país.

Manuel diz que a projeção de 15 milhões de passageiros por ano é bastante exagerada e considera que “Angola não constitui um pólo de atração turística”.

“Eu não acredito que os turistas optem por Angola quando há países como a Namíbia, e Botswana e a África do Sul que oferecem pacotes turísticos mais atrativos ”, conclui.

Por seu turno, o economista angolano Carlos Rosado de Carvalho diz tratar-se de um aeroporto “sobredimensionado” pelo fato de ter sido projetado para 15 milhões de pessoas por ano quando, segundo afirmou, o país não consegue transportar, sequer, dois milhões.

“Eu diria, um pouco, luxo na miséria”, considera Carlos Rosado de Carvalho para quem o novo aeroporto de Luanda “vai custar muito dinheiro aos angolanos nos próximos tempos”.

Entretanto, o gestor de empresas Galvão Branco diz que tudo depende do modelo de operação a ser adoptado para a gestão daquele infraestrutura que permitam a obtenção de receitas para o Estado e considera a construção do novo aeroporto “uma decisão acertada”.

“Há vários modelos que permitem que a gestão deste aeroporto possa gerar receitas suficientes no sentido de não onerar as nossas economias”, sublinha.

O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, assegurou, na semana passada, que no final do primeiro trimestre de 2024 vão iniciar os voos domésticos e no terceiro trimestre, os voos internacionais.

Ele disse que existem já operadores e despachantes que manifestaram interesse, nomeadamente a TAAG, DHL, FedEx, Etiopian Cargo, Tuskish Cargo.

Para aquele governante angolano, “não é muito” o custo de investimento, de cerca de 2,8 mil milhões de dólares, para a dimensão e relevância do projeto, em termos de retorno para a economia angolana.

As obras do novo aeroporto começaram, em 2013, como uma parceria público-privada, que, entretanto, viria a ser desfeita em 2017, altura em que o Estado angolano assumiu o projeto como um investimento público, com um financiamento da China de 1,4 mil milhões de dólares.

Com duas pistas paralelas, placa de estacionamento de aeronaves, placa de manutenção, placa de carga, placa de isolamento, o novo aeroporto tem projetado o manuseio de um volume de carga anual de 130 mil toneladas. VOA

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