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Sexta, 24 Março 2023 18:21

Familiares de vítimas do 27 de maio que aguardam testes de ADN temem que ossadas não sejam reais

Os filhos de alguns dos membros do MPLA, assassinados pelo regime angolano durante os massacres de 27 de Maio de 1977, estão chocados, depois de terem tomado conhecimento que os restos mortais entregues pelo Executivo a algumas famílias não correspondem aos dos seus pais assassinados na altura.

O sentimento de desconfiança agora é generalizado, apesar de alguns familiares ainda estarem à espera de resultados de ADN, encomendados pelo Governo há dois anos.

Eles temem que lhes sejam entregues ossadas que não são dos seus parentes.

Esse sentimento surge depois de ontem, como a Voz da América informou, familiares de algumas das vítimas terem divulgado em Lisboa uma Carta a Angola, na qual revelaram que testes de ADN feitos às ossadas entregues não conferem com as dos seus pais e familiares assasinados.

Francisco Jorge, filho de Francisco Jorge, assassinado a 27 de Maio de 1977, diz que foi-se mais uma esperança que via no fundo do túnel, com a realização dos exames de DNA, levado acabo pelas autoridades angolanos.

“A dor que sinto neste momento é a mesma que fui sentindo nos últimos tempos, e que restava uma espera ainda que pequena, no sentido de ver alterar esta situação e conseguirmos então nos reconciliar”, afirma Jorge.

Ele também critica as regras da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) e apela à intervenção do Executivo a seguir os padrões internacionais para este tipo de situações: "transparência, verdade histórica e rigor".

"Estamos a viver uma situação bastante complicada, é muito triste ter crença nas autoridades e acabamos defraudados mais uma vez. Uma situação que carece de intervenção do mais alto nível do governo de Angola”, conclui.

A mesma preocupação vem de Osvaldo Urbano de Castro, filho de Urbano de Castro, que diz viver com bastante dúvida com os resultados vindos das autoridades.

“Deixa a família na dúvida e vão falando, há pessoas que estão a duvidar disso, outros atiram piadas, outros falam mesmo ´que essas ossadas podem não ser do vosso pai”, conta Urbano de Castro.

Já Moisés Gabriel Ferreira, mais conhecido por Gaby Moy, irmão mais novo de David Zé, que espera pelos resultados do ADN há mais de dois anos, diz que com estes resultados não restará à família fazer novos exames.

“Vai nos preocupar quando acontecer connosco, quando nos entregarem os restos mortais, vamos ter que fazer outras análises”, afirma.

A Voz da América tentou contactar familiares de vítimas já sepultadas mas não foi possível. Apesar dos esforços, não conseguimos falar nem com a CIVICOP, nem o Governo. VOA

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