O escândalo Luanda Leaks vai chegar formalmente ao Parlamento. O protagonista será Carlos Costa, o governador do Banco de Portugal, numa audição que foi convocada pelo Bloco de Esquerda, com caráter de urgência, e aprovada por unanimidade.
A data foi já acordada pela comissão de Orçamento e Finanças para 4 de março, conforme anunciou o seu presidente, o deputado socialista Filipe Neto Brandão. Na semana passada, a convocatória feita pelo BE foi aprovada por todos os restantes partidos.
A audição de Carlos Costa parte do requerimento do BE, que aponta para três questões que se prendem sobretudo com o EuroBic, banco por onde passaram transferências suspeitas: o apuramento de todas as responsabilidades nas falhas da prevenção do branqueamento de capitais; a avaliação da idoneidade da administração e dos acionistas; e ainda a avaliação da operação de venda do EuroBic.
O EuroBic é detido, em 42,5%, pela empresária Isabel dos Santos, que era visada no Luanda Leaks, que colocou à venda essa posição depois da polémica. Os restantes acionistas, nomeadamente o seu sócio Fernando Teles, também decidiram fazer o mesmo.
O espanhol Abanca assinou um contrato para a compra destas participações, estando a transação a ser avaliada.
Em causa está a preocupação sobre como poderá a venda gerar um encaixe à empresária angolana, já assumida pela coordenadora bloquista, Catarina Martins, que pediu mesmo às autoridades para evitar a consumação da venda.
Outro dos temas é a avaliação da idoneidade de administradores. Esta quarta-feira, o Público avançou que Fernando Teixeira dos Santos foi chamado ao Parlamento para dar explicações sobre este caso.
O Luanda Leaks é uma investigação jornalística, que partiu de documentos obtidos por Rui Pinto, que foram trabalhados pelo consórcio ICIJ, do qual faz parte o Expresso. Em causa estão práticas duvidosas de Isabel dos Santos na presidência da angolana Sonangol. A investidora está, inclusive, a ser investigada pela justiça angolana, o que conduziu, também, ao arresto das suas contas em Portugal.
O tema já esteve em debate no Parlamento Europeu, passando agora a estar agendada uma audição dedicada ao tema exclusivamente no Parlamento nacional.