Dino Matross, que se escusou fazer outros comentários ao discurso de despedida feito quinta-feira no parlamento por Lopo do Nascimento, acrescentou que este dirigente histórico do partido no poder em Angola "tomou a decisão de ir tratar da sua vida empresarial".
Lopo do Nascimento, que foi primeiro-ministro de Angola entre 11 de novembro de 1975, primeiro dia de independência, e 09 de dezembro de 1978, invocou "razões particulares" para justificar a saída da política.
Interrompido com palmas dos deputados da oposição em três momentos do discurso, Lopo do Nascimento deixou um apelo à juventude de Angola para que encontre "posições de ações comuns verdadeiramente importantes" para o futuro do país.
Lopo do Nascimento, 71 anos, além de ter sido primeiro-ministro, foi entre 1991 e 1992 ministro da Administração do Território e, no plano partidário, em 1993 ocupou o cargo de secretário-geral do MPLA.
Num discurso que a oposição classificou como "inclusivo", Lopo do Nascimento defendeu que "em África, a maioria dos partidos são muito assentes numa base étnico, linguístico, cultural, de modo que quando as eleições excluem um partido, não é uma organização política que está a ser excluída, mas sim um grupo social, étnico, linguístico e cultural".
Segundo Lopo do Nascimento, a exclusão resultante dos processos eleitorais está na base de vários conflitos em África.
O ex-deputado lembrou ainda que "a nação não é de nenhum partido, é obra de todos e pertence a todos".
"Hoje em muitos países do nosso continente, o importante para subir na vida é a cor do cartão do partido, é o vir de onde vêm ou a raça da pessoa e vocês jovens africanos têm de preparar-se para ajudar a mudar esses critérios a favor da educação, da formação e da competência", enfatizou Lopo do Nascimento.
Logo que terminou a intervenção, todas as bancas da oposição aplaudiram-no de pé, tendo então os deputados do seu partido, MPLA, a pouco e pouco acompanhado também com palmas, e ficando igualmente de pé.
Lusa
