Sexta, 17 de Mai de 2024
Follow Us

Segunda, 09 Mai 2016 20:00

UNITA denuncia desvio de verbas internacionais destinadas a obras públicas em Angola

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, apelou hoje aos países para que tenham mais cuidado ao disponibilizar verbas para Angola, porque "invariavelmente" são desviadas para alimentar a corrupção.

A denúncia foi hoje expressa pelo líder da bancada parlamentar do partido, Adalberto da Costa Júnior, em conferência de imprensa para falar sobre a degradação da rede rodoviária do país, com foco para a capital angolana, Luanda.

O assunto, segundo Adalberto da Costa Júnior, mereceu um levantamento minucioso dos diferentes Orçamentos Gerais do Estado, no período entre 2004 e 2015, em que foram atribuídos cerca de 19 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) para a construção ou reparação de estradas, de pontes e saneamento.

Segundo o deputado da UNITA, decorridos poucos anos, as vias públicas apresentam um estado deplorável, com vias plenas de buracos, porque as estradas foram construídas sem valas para o encaminhamento das águas e ou a rede de esgotos está entupida ou existe a céu aberto.

Para Adalberto da Costa Júnior, o montante atribuído nos últimos 11 anos serviria para "construir autoestradas a cruzarem todas as províncias do país e para durarem no mínimo 30 anos".

"Há países no nosso continente, países importantes que em 12 anos não conseguem ter esse orçamento para o país inteiro. E nós tivemos essa disponibilidade, só para infraestruturas rodoviárias, que se esfumaram. É gravíssimo", disse o dirigente da UNITA.

Criticou ainda as dívidas que o executivo angolano tem estado a contrair, sem o aval da Assembleia Nacional, e que futuramente os jovens terão de pagar em dezenas de anos.

A UNITA lamenta que não haja responsabilização pela má qualidade das vias, que considera "as estradas mais caras do mundo", e que por correspondência deveriam ter "melhor qualidade e maior durabilidade".

"É fácil responsabilizar, porque os gestores públicos são bem conhecidos, os que receberam orçamentos bilionários e fizeram obras descartáveis, enriqueceram vertiginosamente as suas contas, ao ritmo que a população foi empobrecendo", considerou Adalberto da Costa Júnior.

De acordo com o líder da bancada parlamentar da UNITA, é por causa disso que aquela força política apela para que "alguns países tenham mais cuidado a disponibilizar verbas que vão invariavelmente parar aos desvios e à corrupção e nunca ao serviço das populações".

"Esperamos que estes alertas sirvam para alterar as más práticas de uma governação não transparente. Muitos dos orçamentos aprovados e feitos desaparecer consumiram riqueza e reservas que nunca mais teremos. Outros foram financiados por endividamento externo, que vamos pagar todos, mas que foi parar ao bolso de uns poucos", concluiu o deputado.

© Lusa

 

Rate this item
(0 votes)