A denúncia foi hoje expressa pelo líder da bancada parlamentar do partido, Adalberto da Costa Júnior, em conferência de imprensa para falar sobre a degradação da rede rodoviária do país, com foco para a capital angolana, Luanda.
O assunto, segundo Adalberto da Costa Júnior, mereceu um levantamento minucioso dos diferentes Orçamentos Gerais do Estado, no período entre 2004 e 2015, em que foram atribuídos cerca de 19 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) para a construção ou reparação de estradas, de pontes e saneamento.
Segundo o deputado da UNITA, decorridos poucos anos, as vias públicas apresentam um estado deplorável, com vias plenas de buracos, porque as estradas foram construídas sem valas para o encaminhamento das águas e ou a rede de esgotos está entupida ou existe a céu aberto.
Para Adalberto da Costa Júnior, o montante atribuído nos últimos 11 anos serviria para "construir autoestradas a cruzarem todas as províncias do país e para durarem no mínimo 30 anos".
"Há países no nosso continente, países importantes que em 12 anos não conseguem ter esse orçamento para o país inteiro. E nós tivemos essa disponibilidade, só para infraestruturas rodoviárias, que se esfumaram. É gravíssimo", disse o dirigente da UNITA.
Criticou ainda as dívidas que o executivo angolano tem estado a contrair, sem o aval da Assembleia Nacional, e que futuramente os jovens terão de pagar em dezenas de anos.
A UNITA lamenta que não haja responsabilização pela má qualidade das vias, que considera "as estradas mais caras do mundo", e que por correspondência deveriam ter "melhor qualidade e maior durabilidade".
"É fácil responsabilizar, porque os gestores públicos são bem conhecidos, os que receberam orçamentos bilionários e fizeram obras descartáveis, enriqueceram vertiginosamente as suas contas, ao ritmo que a população foi empobrecendo", considerou Adalberto da Costa Júnior.
De acordo com o líder da bancada parlamentar da UNITA, é por causa disso que aquela força política apela para que "alguns países tenham mais cuidado a disponibilizar verbas que vão invariavelmente parar aos desvios e à corrupção e nunca ao serviço das populações".
"Esperamos que estes alertas sirvam para alterar as más práticas de uma governação não transparente. Muitos dos orçamentos aprovados e feitos desaparecer consumiram riqueza e reservas que nunca mais teremos. Outros foram financiados por endividamento externo, que vamos pagar todos, mas que foi parar ao bolso de uns poucos", concluiu o deputado.
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