A informação consta do comunicado final da última reunião do comité permanente daquele órgão, enviado hoje à Lusa, encontro em que foi analisado, entre outros assuntos, o "agravamento da situação económica e financeira do país", provocado pela forte quebra na cotação internacional de crude.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirma, no mesmo comunicado, que "os níveis reais de liquidez da economia e de sustentabilidade das finanças públicas são desconhecidos", acrescentando que "as explicações dadas pelo executivo não são convincentes".
"Algo não vai bem quando, por exemplo, sobre a mesma política monetária e cambial, o Banco Nacional de Angola diz uma coisa e os bancos comerciais dizem outra", lê-se no documento, aludindo às conclusões da reunião realizada terça-feira, orientada pelo presidente da UNITA, Isaías Samakuva, visando analisar a situação política, económica e social do país.
A quebra no mercado internacional da cotação do petróleo, principal produto de exportação por Angola, já obrigou à revisão do Orçamento Geral do Estado de 2015 e das suas metas, com o Governo a lançar várias medidas de austeridade, nomeadamente o congelamento de obras e investimentos públicos.
Apesar de cortar um terço de toda a despesa pública, o Governo prevê para este ano um défice de 7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a economia deverá crescer 6,6%.
Por outro lado, devido à falta de divisas no país, a subida dos preços e a forte desvalorização da moeda nacional face ao dólar norte-americano são dificuldades vividas há várias semanas em Angola.
"O facto é que os preços sobem todos os dias, o kwanza baixa todos os dias, os níveis de desemprego sobem todos os dias, o sistema bancário falha todos os dias, e a corrupção aumenta todos os dias. Os angolanos precisam de saber a verdade", afirma a UNITA.
O partido do 'Galo Negro' diz ainda manter a oposição à aprovação final da proposta de lei do registo eleitoral, apresentada pelo Presidente da República - e do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) -, José Eduardo dos Santos. Nomeadamente por "substituir" as bases de dados auditadas do registo eleitoral pela Base de Dados dos Cidadãos Maiores, organizada e gerida, afirma a UNITA, pelo Governo e "alimentada pelos administradores municipais, que são todos dirigentes do MPLA".
"E que não pode em caso algum ser fiscalizada por ninguém. É com base nela, e só com base nela, que o Executivo pretende que a CNE [Comissão Nacional de Eleições] organize as eleições. E isto sem corrigir os erros de 2012, quando as pessoas registadas para votarem nas suas áreas de residência, foram mandadas votar em áreas muito distantes daquelas onde deviam fazê-lo", remata a UNITA.
LUSA