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Terça, 05 Novembro 2013 16:07

Portugal e Angola são "soberanos" e "podem não estar de acordo" - Pinto Balsemão

Pinto Balsemão Pinto Balsemão

O antigo primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão desdramatizou hoje a tensão que se vive nas relações entre Portugal e Angola, considerando tratar-se de "dois países autónomos" e "soberanos", pelo que podem "não estar de acordo".

"São Estados autónomos, são soberanos. Têm, portanto, o direito de decidir qual é o seu percurso, a sua estratégia, o seu posicionamento", afirmou Pinto Balsemão.

Questionado pela agência Lusa a propósito da actual tensão nas relações luso-angolanas, o antigo primeiro-ministro disse que os dois países "podem não estar de acordo".

"E quando não há acordo não vejo que haja qualquer obstáculo ou problema" em que "esse desacordo seja claro e venha ao de cima", acrescentou.

Pinto Balsemão, que chefiou o VII Governo Constitucional (1981), após a morte de Francisco Sá Carneiro, e o VIII Governo Constitucional (1981- 1983), falava aos jornalistas em Évora, à margem da inauguração da exposição de rua "Expresso 40 Anos".

A propósito do relacionamento luso-angolano, o presidente do grupo Impresa argumentou que Portugal é "uma democracia europeia de padrão ocidental", mas que "há países em todo o mundo que não atingiram ainda esse estádio".

"Eu, pessoalmente, espero que venham a atingir", continuou, explicando, sem aludir a Angola ou a qualquer outro país em concreto, estar a referir-se a "países por todo o mundo".

Segundo Balsemão, "infelizmente", ao pensar-se na "maior parte dos países africanos" e em "muitos países asiáticos" ainda não se está perante uma "maioria possivelmente democrática".

"Resta saber se a democracia de padrão ocidental é exportável, como muita gente achava que era", questionou, fazendo uma alusão também às teorias do filósofo e economista político Yoshihiro Francis Fukuyama.

Quando esse pensador "proclamou o fim da História, no fundo, era isso que ele estava a dizer, que íamos todos seguir, depois da queda do muro de Berlim, uma ideologia liberal, no sentido de liberdade", lembrou.

E Fukuyama alegou que "isso seria fácil", mas, contrapôs Francisco Pinto Balsemão, "está mais do que demonstrado que não é assim".

A exposição inaugurada hoje em Évora, e que vai ficar patente na Praça do Giraldo até 20 de Novembro, está integrada nas comemorações, este ano, do 40.º aniversário do semanário Expresso, detido pelo grupo Impresa.

A mostra, que reúne várias fotografias evocativas de momentos marcantes da história nacional e internacional, nos últimos 40 anos, tem carácter itinerante e já passou por várias cidades, sendo o Porto o último destino.

Além da exposição, o Expresso promove também em Évora, ao longo desta tarde, a conferência "Cultura e Criatividade -- Investir Mais é uma Boa Ideia?", moderada por Pinto Balsemão.

Jornal de Negócios

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