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Terça, 09 Dezembro 2014 14:45

Comissão da FNLA "chumba" candidato à presidência

A comissão nacional preparatória do IV Congresso Ordinário da FNLA decidiu chumbar a candidatura de José Fernando Tó Zé  Fula à liderança do partido e este recorreu ontem da decisão.

Tó Zé era, a par de Lucas Ngonda, Fernando Pedro Gomes e David José Manuel Martins, pré-candidato à presidência da FNLA no Congresso do partido previsto para 25 de Janeiro.

Depois da análise das candidaturas, a comissão nacional preparatória decidiu aprovar as candidaturas de Lucas Ngonda, Pedro Gomes e David Martins, e chumbar a de Tó Zé Fula, alegando que não reúne todos os requisitos exigidos. O secretário para a Informação da FNLA, Laíz Eduardo, esclareceu que pesaram para o afastamento de Tó Zé Fula o facto de não ter o tempo de militância exigido e por, em 2012, ter abandonado o partido para participar na campanha eleitoral da coligação Nova Democracia (ND), chegando, inclusive, a ser mandatário da formação política então liderada por Quintino Moreira.

Laíz Eduardo disse que os estatutos estabelecem que o candidato à presidência da FNLA deve ser um membro com pelo menos 25 anos de militância ininterrupta. Na altura em que Tó Zé Fula participou na campanha da ND tinha apenas 21 anos de militância, que, de acordo com a comissão preparatória, terminaram por aí, pois, a partir daquele momento, Tó Zé Fula deixou de ser militante do partido. De acordo com Laíz Eduardo, o candidato refuta esse ponto de vista, afirmando que nunca renunciou à sua militância e que participou na campanha da ND como simples membro da sociedade civil.

Em declarações ao Jornal de Angola, Tó Zé Fula, sem avançar muitos pormenores, afirmou que, no recurso, apresenta provas de que nunca abandonou a FNLA. Acusou os candidatos Lucas Ngonda e Pedro Gomes de estarem por trás da decisão da comissão nacional preparatória: “Responsabilizo os candidatos Ngonda e Pedro Gomes pelos erros cometidos pela comissão”.

Tó Zé Fula sublinhou que Pedro Gomes já foi membro da comissão (e por isso não devia concorrer), enquanto Ngonda colocou elementos próximos a si naquele órgão.

Ameaça de impugnação

Tó Zé Fula acredita que o recurso vai ser bem sucedido, porque a comissão preparatória não tem elementos que provem que ele abandonou o partido. Foi mais longe nas suas afirmações, ameaçando impugnar o Congresso, caso o seu recurso não seja deferido.

Laíz Eduardo garantiu que a comissão está a ser o mais transparente possível e vai continuar a sê-lo até ao Congresso. “Se a comissão chegar à conclusão que o irmão Tó Zé Fula tem razão, vamos recuar na decisão, porque não estamos a favor de nenhum candidato e não queremos prejudicar este ou aquele candidato. Queremos, isso sim, que haja um espírito democrático no seio do partido", assegurou o porta-voz da FNLA.

A comissão preparatória vai pronunciar-se dentro de 48 horas, contados a partir da manhã de ontem.

Congresso da desforra

Alguns analistas acreditam, no entanto, que independentemente da candidatura de

FNLA vai ser o reeditar da peleja ocorrida entre ambos no Congresso realizado em 2010, altura em que Ngonda derrotou Pedro Gomes. Para este, o congresso de Janeiro pode ser a altura para se desforrar do presidente José Fernando Fula e de David Martins, a luta para a liderança da FNLA deve ficar centralizada entre o presidente cessante, Lucas Ngonda, e Fernando Pedro Gomes, actual secretário para os Assuntos Políticos e Constitucionais, uma vez que Ngola Kabangu, um histórico do partido, não concorreu ao cargo, por não se rever no Congresso convocado por Lucas Ngonda.

A luta pela liderança da cessante.

A FNLA vive uma crise de liderança desde a morte do líder fundador, Holden Roberto, em Agosto de 2007. De lá para cá, Ngola Kabangu (tido como delfim de Holden) e Lucas Ngonda (até então considerado um reformador) reclamam a liderança do partido. Nas eleições gerais de 2012, o partido liderado por Lucas Ngonda conseguiu eleger apenas dois deputados.

Jornal de Angola

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