Quinta, 26 de Junho de 2025
Follow Us

Sexta, 14 Novembro 2014 21:04

Reformas de Luanda também destinadas a “relegar” Kangamba

As reformas em Luanda foram determinadas por preocupações relativas à delicada realidade social de Luanda (considerada em geral), bem como por conclusões segundo as quais se deve lidar com o fenómeno num novo quadro político e institucional, as medidas (AM888) visando reformar o modelo de administração da cidade.

No seu vasto alcance, o processo destina-se a “desanuviar” o ambiente social de Luanda, marcado por nítidos sentimentos de insatisfação da população em geral, e não apenas a fazer reverter inclinações já muito pronunciadas de desmobilização da chamada “massa” de militantes do MPLA.

A atitude seguida pelo regime para lidar com a situação social em Luanda, considerada num relatório interno como “melindrosa”, tem consistido em reagir aos problemas e/ou à sua agudização – tarefa para a qual, nos últimos anos, foram agenciados órgãos informais, em especial o de Bento Kangamba.

O novo quadro político administrativo a introduzir em Luanda por via das reformas já gizadas baseia-se em conceitos como os de que os problemas sociais da cidade, empolados pela sua saturação demográfica, devem ser encarados preventivamente, por instituições do Estado e através de políticas públicas.

2. O papel chave de Bento Kangamba na montagem e funcionamento do sistema informal usando no controlo da situação social e de segurança em Luanda, é a principal razão das atenções de que goza na superestrutura política do regime, em especial da parte do Presidente e do chefe da Casa Militar, Gen MH Vieira dias “Kopelipa”.

A consideração que José Eduardo dos Santos (JES) vota a Bento Kangamba está ilustrada em factos como o de ter permitido o seu casamento com uma sobrinha. Avelina dos Santos, também sua secretária pessoal, e de sempre ter providenciado no sentido de o “safar” (AM795) recentes embaraços no Brasil, França e Portugal.

3. A acção de Bento Kangamba, de acordo com informações verificadas, assenta em dois pilares. Uma rede de células implantadas em toda a área de Luanda que tem a missão de acompanhar e reportar casos considerados anormais de natureza político-social. Uma cadeia de colectividades prestadoras de apoios sociais e humanitários, destinada a gerar influências.

O trabalho de Bento Kangamba também compreendeu o emprego de “irregulares”, tcp por “kaenches”, usados para, em situações consideradas extremas, intimidar ou coagir promotores de manifestações de protesto e seus aderentes ou para as fazer abortar/destroçar previamente.

Numa conduta supostamente determinada por temores de que o clima de descontentamentro social em Luanda possa vir a ser instrumentalizado por manifestações de protesto político (AM783), estas estão, de facto, dramaticamente restringidas. As orientações respectivas visam impedir ajuntamentos públicos.

As actividades de Bento Kangamba, algumas das quais com desdobramentos no estrangeiro, são financiadas por fundos alegadamente provenientes de secretas subvenções do Estado, mas também por proveitos de actividades comerciais que exerce com base em meios graciosamente postos à sua disposição.

4. A adopção de um novo modelo de administração de Luanda, baseado em instituições do Estado e no exercício da autoridade legal também apresenta a montante a vantagem de esvaziar a realidade representada por Bento Kangamba, propiciando assim o seu próprio “desengajamento público”.

Bento Kangamba goza de má reputação na direcção do partido (AM782), a ponto de se ter gerado um movimento a favor da sua expulsão (AM795) no seguimento de um escândalo em que foi envolvido no Brasil. A par da informalidade das suas actividades, considera-se que as mesmas podem ser minadas pela sua reputação."

AM

Rate this item
(0 votes)