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Sexta, 26 Agosto 2022 15:56

MPLA admite governar país com câmara da capital nas mãos da oposição

O porta-voz do Movimento Popular de Libertação de Angola reafirmou hoje a intenção do partido em avançar com a criação de autarquias no próximo mandato, num momento em que a oposição ganhou a província de Luanda nas eleições gerais.

Após a derrota na província de Luanda para a União nacional de Independência Total de Angola (UNITA) nas eleições gerais de quarta-feira, Rui Falcão disse que o plano do MPLA é avançar com a criação de autarquias em Luanda durante o próximo mandato, uma promessa de 2017 que ainda não foi cumprida.

“Como disse, é uma intenção”. Mas “temos que criar o escopo legal para que possamos concluir esse processo” e, após a aprovação da legislação “podemos avançar para as eleições autárquicas sem problemas”, afirmou Rui Falcão, no final de uma reunião da direção do MPLA, que perdeu 26 deputados mas manteve a maioria absoluta.

Para esses resultados contribuiu a vitória da UNITA na capital o que poderá levar a uma derrota autárquica no futuro. Em resposta à convivência com um poder local de outra cor partidária, Rui Falcão minimizou: “Mas qual é o problema? Eu não percebo onde está o problema, democracia é isso mesmo, habituamo-nos a ela e nós estamos a fazer um esforço muito grande de pedagogia, de auto pedagogia”.

Sobre a perda de um milhão de eleitores desde 2017, Rui Falcão admitiu culpas próprias: “Quem nos prejudicou foi o nosso próprio partido. Temos a noção que a abstenção nos prejudicou”.

Apesar disso e da perda de deputados, o MPLA continua com mais 34 deputados que a UNITA e uma maioria absoluta confortável de 124 mandatos em 220 lugares

No ‘site’ da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) os 220 mandatos do parlamento já foram todos atribuídos, apesar de os resultados serem provisórios e faltar apurar 2,97% dos votos.

“Não faço ideia do universo de atas não escrutinadas, não sei se são atas significativas ou não”, comentou Rui Falcão.

Agora, perante a redução dos mandatos e dos votos, o MPLA irá procurar “saber as causas, avaliar e redirecionar a nossa ação no sentido de mobilizar” o eleitorado, salientou Rui Falcão.

“O processo democrático é isso mesmo, uns ganham num dia, outros ganham no outro. É preciso saber viver em democracia”, disse, criticando a existência de contagens não oficiais paralelas.

Quanto a declarações do líder do MPLA e recandidato a Presidente da República, Rui Falcão remeteu uma posição de João Lourenço apenas para depois dos resultados oficiais da CNE.

“Tão logo a CNE divulgue os resultados definitivos, o presidente do MPLA, enquanto vencedor das eleições, falará”, disse, salientando que a reunião de hoje não foi tensa.

O “Presidente é parte do MPLA, não pediu contas, o Presidente é parte do MPLA e assume onde ganhou e onde perdeu com a mesma tranquilidade”, explicou.

“O MPLA é um partido imenso, um partido que tem milhões de militantes” e “nós não somos monocórdico, temos opiniões diversas, díspares, convivemos todos no mesmo espaço, discutimos”, mas “o mais importante são os consensos”, salientou.

Quanto ao futuro da governação, existe “um fórum democrático, onde todos os partidos que foram votados têm representação”, onde “se faz o debate político e é aí que se fazem as convergências, portanto, será a esse nível, ao nível parlamentar, que continuaremos a trabalhar”.

O fim de semana será marcado pelas exéquias fúnebres oficiais do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, depois de um processo judicial que opôs a viúva e o governo a parte da família.

“O Presidente José Eduardo foi durante muitos anos Presidente da República, por isso mesmo, tem estatuto próprio e, no quadro desse estatuto, merecerá as honras devidas”, afirmou.

Agora, Rui Falcão espera que a UNITA admita a derrota, criticando a convocatória de uma manifestação que está a ser feita nas redes sociais para protestar contra os resultados.

“A UNITA é que tem de explicar quais são os objetivos da sua manifestação”, desafiou.

No final da reunião da direção do MPLA, João Lourenço saiu ladeado por seguranças e não falou aos jornalistas presentes. Confrontado com as perguntas, o Presidente da República disse apenas: “Falo mais tarde”.

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