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Terça, 29 Março 2022 14:55

ACJ 'fura' BP do MPLA: Altas figuras dos 'camaradas' circulam na sede da presidência da UNITA

Em três eleições gerais, realizadas em Angola, nomeadamente em 2008, 2012 e 2017, nunca o Tribunal Constitucional esteve envolvido em tanta polémica como em 2022, permitindo que se coloque no processo eleitoral mais como actor do que como guardião da legalidade.

O seu desempenho titubeante tem sido justificado com a interferência do Bureau Político (BP) que, contrariamente ao que se aventa, não é homogéneo, havendo no seu seio elementos que, visivelmente contrários ao rumo do barco, vão expondo aos adversários políticos, no caso vertente a Adalberto Costa Júnior, informações classificadas e de certa forma melindrosas.

Desde 2019 quando Adalberto Costa Júnior assumiu a liderança do maior partido da oposição, em substituição de Isaías Samakuva, que a agenda política conta sempre com a polémica do processo de impugnação e, agora, com a anotação do congresso.

Quando tudo apontava para um procedimento normal, eis que a missão é tirar definitivamente o político da liderança do maior partido na oposição e entrar "um qualquer".

Para sustentar essa afirmação, em 2020, 10 membros do Bureau Político do MPLA elaboraram um plano de Combater ACJ até à exaustão.

Só que, nem todos estavam de acordo com o plano e estes decidiram levar o assunto à rua, tendo o Novo Jornal sido o primeiro a ter contacto com documento de mais de 100 páginas.

O NA MIRA DO CRIME sabe que tão logo o Novo Jornal trouxe o caso a público, instalou-se um mal-estar entre os 10 cérebros do BP, mas não foi possível identificar a autoria do vazamento.

Até ao momento, o caso está quase encerrado, embora a sua implementação esteja ao rubro, ao ponto da sobrevivência de ACJ estar juridicamente admitida, mas politicamente ameaçada, pois vai depender da condescendência do partido no poder em acção combinada com outras instituições, como a secreta angolana, o BP e a mídia pública, esta última já em campo desde 2019.

Nos últimos dias, muita informação comprometedora ao regime tem vazado, estando o poder da bófia na rua, ao ponto de andar atrás dos acontecimentos.

O caso mais recente é do vazamento do draft do processo de impugnação do Congresso da UNITA, que fugiu do controlo das autoridades, por um lado influenciado pela mediatização do assunto e por outro pela "vontade de ver o conclave dos maninhos chumbado", segundo a nossa fonte.

O que os membros do BP fazem na Maianga?

Este jornal sabe de fonte segura que depois de altas figuras do MPLA se compadecerem com ACJ, fruto de ataques racistas de que estava a ser alvo, o ambiente mudou completamente e algumas amizades consolidaram -se, com olhos fitos numa hipotética governação inclusiva e participativa a que a oposição se propõe.

"Hoje, é normal vermos altas figuras dos 'camaradas' na sede da presidência da UNITA, na Maianga", a conferenciarem com o seu inquilino assuntos de interesse comum, "obviamente".

Outros encontros, acrescenta a fonte, têm acontecido em lugares mais discretos, "não só com os chamados "marimbondos", mas com outros membros ligados à super-estrutura do MPLA.

Hoje, o presidente da UNITA, ciente de que as baterias estão direccionadas contra si, não tem seleccionado, com devidos critérios, os seus hóspedes.

O que lhe importa é a qualidade da informação que recebe deles. Aliás, ACJ parece estar naquela situação em que não selecciona a mão que o salva da aflição.

Fruto deste posicionamento, não raras vezes, é acusado de fazer alianças com os "marimbondos", entende-se, membros do Executivo do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, muitos dos quais foram recuperados por João Lourenço.

Mas, afinal, segundo a fonte que temos vindo a citar, os responsáveis do MPLA que andam de mãos dadas com ACJ "não têm nada que ver com os famigerados marimbondos".

Mesmo na própria UNITA, a ideia de supostas alianças com os "marimbondos" não tem sido bem acolhida, sobretudo quando se refere a figuras que estão directamente ligadas a José Eduardo dos Santos. NMC

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