Para o líder da UNITA, são estes males que matam o soberano o povo de Angola e que quem “não se preocupa com a saúde do povo, com a sua educação e o seu bem-estar, não quer a soberania dos angolanos em Angola”. Acrescentou que “quem eliminar os donos da terra, aos poucos, destruir a alma dos seus filhos com falsos valores, vender as suas terras a estrangeiros e alterar a demografia de Angola para transformar os filhos da terra em escravos, não quer a soberania dos angolanos em Angola”.
Debruçando-se sobre a transparência e boa governação, Isaías Samakuva acusou os dirigentes do MPLA de instrumentalizar os sobas, os sekulos, os administradores e os fanáticos, para impedir as actividades políticas da UNITA junto do povo.
“Impedir o progresso social e económico daqueles que não aderem ao MPLA, chama-se exclusão, ou apartheid”, sublinhou Isaías Samakuva, para quem “um povo livre e independente não pode ser excluído e discriminado na sua própria terra”.
Ainda sobre transparência, o líder da UNITA observou que os concursos públicos são uma capa para enganar, porque antes dos resultados saírem já as vagas estão preenchidas e quem não tiver o cartão do MPLA não entra.
“O mesmo acontece nos concursos para negócios, obras, etc. Antes do prazo para se apresentarem propostas terminar, já as negociatas foram feitas debaixo da mesa e os contratos foram adjudicados, entre os amigos e militantes do MPLA e seus associados estrangeiros”, explicou.
O mais alto dirigente da UNITA apontou a corrupção e desvios como consequência da centralização do poder numa só pessoa e dos investimentos públicos, os empregos e a riqueza em pessoas de um só Partido.
“O dinheiro dos Bancos desaparece. Desaparece do Banco Nacional de Angola. Desaparece do banco Espírito Santo de Angola. Os bancos foram transformados em centros de gatunagem”, precisando que quem rouba são os senhores doutores.
Sobre a crise do BESA, Isaías Samakuva teceu também importantes considerações, apontando os administradores daquela instituição bancária de roubar o dinheiro dos angolanos, através de esquemas de empréstimos que concederam a altas figuras do MPLA.
“Estas altas figuras do MPLA receberam o nosso dinheiro dos cofres do Estado e dividiram entre si, chamando a isso “empréstimos”. Construíram condomínios, compraram prédios, no país e no estrangeiro e agora não querem pagar de volta ao Banco. Outros receberam empréstimos para comprar empresas no estrangeiro e virem aqui fazer negócios com o próprio Estado como estrangeiros e explorar o povo angolano a quem pagam salários de miséria. E agora não querem pagar de volta ao Banco. Pior do que isso, o Banco diz que deixou perder os papéis e já não sabe bem a quem emprestou o dinheiro. Só sabe que são altas figuras do MPLA e do Estado”, comentou, exigindo que os envolvidos sejam levados à Justiça.
“As autoridades portuguesas já começaram a fazer isso. O próprio presidente do Banco Espírito Santo lá em Portugal, que veio cá em Outubro reunir-se com o senhor Presidente Eduardo dos Santos, já foi detido na passada semana, em Lisboa, no dia 24 de Julho. Teve de pagar uma fiança de três milhões de euros para aguardar o julgamento em liberdade”, explicou, exigindo tomada de medidas pelo Parlamento, procuradoria-geral da República e pelo Tribunal de Contas.
Segundo Samakuva é urgente acabar com estes roubos e levar os criminosos à justiça, sejam eles grandes e pequenos, ricos e pobres, estafetas e administradores de Bancos.
” A melhor justiça é a mudança de regime. Angola precisa de um novo regime político com uma nova cultura de governação. Angola precisa de descentralização e de instituições sólidas com poderes separados, que se fiscalizam mutuamente”, sentenciou, assegurando que a UNITA vai descentralizar o poder e distribuir o dinheiro entre o executivo central e os executivos municipais, em todos os municípios, canalizar os investimentos para o interior, priorizar o campo para beneficiar as cidades.
Unitaangola