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Terça, 13 Fevereiro 2024 20:19

O numero de filhos dos pobres, e seus problemas para a sociedade

O que o Luaty fez foi menosprezar a opinião do Kota, “aquela frase” e sugerir que é uma “pretexto” e “sem legitimidade cientifica”, depois retira o pobre da condição de agente, que causa sua pobreza, para a condição de vitima, que faz filho porque o governo não resolveu o problema da mortalidade infantil.

O Luaty teve a necessidade efectuar esta inversão porque ele, nas suas próprias palavras, acha que todos os assuntos são instrumentos legítimos de aproveitamento político, de modo a destruir e substituir seu adversaria. Ou seja dizer que a culpa é do pobre não permite criar aproveitamento político, pelo contrario antagoniza o pobre, a pessoa que o Luaty quer seduzir para seu projecto político, e exonera o governo das culpas das circunstancias do pobre, e por causa disto ele não pode aceitar esta ideia.

O problema é que a democracia impossível, na sua forma plena, que é um sistema de livre circulação de ideias que permita identificar problemas e levar a mudanças de opinião mesmo que não haja uma mudança de governo.

Quando a política se limita a conquista do poder, em que tudo pode ser usado para aproveitamento político, as pessoas tem medo de admitir a existência de problemas por medo que sirva de combustível para aos críticos ao mesmo tempo que problemas reais são ignorados pelos mesmos críticos ignoram problemas reais por não serem politicamente proveitosos. Sendo que isto aconteceu com este assunto, que foi abordado por JLO na campanha presidencial passada, sendo que o problema entre no discurso publico pois seus adversários preferiram fazer aproveitamento político da frase “fome relativa” apesar desta fazer parte de um discurso coerente. Veja o meu texto O papel da oposição no fracasso da democracia em Angola, sobre a saga da “fome relativa”.

Não só os pobres são culpados de suas circunstancias quando tem muitos filhos, mas esta pratica é egoísta e imoral. Sendo que para provar isto, vou explicar por que as pessoas faziam muitos filhos no passado, quais são as consequências de se fazer muitos filhos no presente, e a imoralidade do pobre ter muitos filhos.

Porque que as pessoas faziam muitos filhos no passado ?

O território que viria a ser Angola, antes da sua construção moderno a partir de 1888, era habitado por povos que praticavam uma cultura de subsistência, caracterizada por baixa densidade populacional por conta das doenças tropicais, abundância de terras, baixa produtividade e baixa acumulação de capital. Sendo que o exemplo típico de existência era de uma aldeia que abria uma nova área para o cultivo por meio de queimadas a cada temporada, as casas são pouco duráveis porque podem ser facilmente reconstruidas e não há infra-estrutura publica duradoura, de modo geral é melhor consumir o que se produz no presente porque o futuro é incerto. Na economia de subsistência há escassez de braços.

Neste ambiente, ter muitos era uma estratégia valida para garantir a sobrevivência da comunidade, pois a mortalidade infantil era alta por ausência de medicina eficaz e pobreza da alimentação, e porque a única maneira de aumentar a produção era aumentar o numero de braços, na ausência de maquinas e irrigação, sendo a escravatura é uma forma de tentar aumentar sua produtividade sem pagar com os alimentos necessários a levar a pessoa a forma adulta economicamente útil, bastava respirar e ter dois braços.

Quais são os efeitos de ter-se muitos filhos na economia moderna ?

A economia moderna é regida por pelo principio do investimento continuo, ou seja consumir sempre menos do que se produz, de modo a criar um estoque de capital duradouro que torna a vida das gerações futuras mais fácil e por isto mais produtiva, ou seja crescimento económico.

O crescimento acelerado da população pobre, por conta da persistência dos hábitos reprodução apesar da diminuição da mortalidade infantil, por conta da medicina, que permite curar uma malária com menos de 5000kz, e da agriculta moderna, que permite as pessoas ingerir mais calorias do que comiam antes, gera pobreza material, que é a escassez de bens necessários para o estilo de vida almejado, porque elas vão consumir bens e serviços necessários a vida moderna sem contribuir para os custos de capital necessários para os criar ou manter em funcionamento. Mesmo a participação produtiva de uma pessoa na economia moderna requer uma quantidade enorme de capital, se compararmos com a economia de subsistência, pois a pessoa precisa no mínimo 12 anos de escolaridade, durante os quais vai ser apenas um consumidor, sendo que este custo vai recair sobre alguém, os pais ou o Estado.

A imoralidade do pobre ter muitos filhos.

A imoralidade do pobre ter muitos filhos começa no facto de ele desejar ter o conforto da existência moderna sem arcar as suas responsabilidade, sendo que estas pessoas fazem estes filhos por motivos que egoístas, tais como: prazer, garantir a reforma, aumentar sua renda, e capturar recursos públicos.

O prazer parece ser um motivo paradoxal, afinal ser pobre é associado ao sofrimento, porém algumas pessoas sentem prazer no processo de criar e ver crescer uma nova vida, porém este prazer é unilateral pois a pessoa se cansa quando a criança passa de uma certa idade, deixando de ser um brinquedo para ser um ser consciente que tem desejos e vontade própria, e por isto faz outra de modo a ter o mesmo prazer de lidar com uma criança pequena de novo. A forma desta forma de paternidade se aproxima muito dos amores por fetiches, como a pedofilia, em que o suposto “amor” pela criança cessa quando esta deixa de ser criança e passar a ser uma pessoa adulta. Claro que pode ser o prazer mais directo, no próprio acto sexual, sem pensar na sua consequência, uma nova vida que precisa de cuidados e amor.

Garantir a reforma é uma forma de jogo de azar, em que se faz muitos filhos com a ideia que um poderá ter sucesso na vida e por isto cuidar de nós na velhice. O que não esta dito aqui é que o adulto se recusa a limitar o seu consumo actual, de modo a criar poupanças para o futuro, porque dá mais valor a seu prazer actual, sendo que declara ter direito sobre o rendimento futuro de seus filhos, que será aplicado por meio de pressão social contra os “filhos de que abandonam seus pais”. São homens que querem o direito de viver como “as crianças, querem uma coisa, mas não as suas consequências”, como disse Ortega e Gasset, a custa de suas próprias crianças.

Aumentar a sua renda acontece quando recusa-se a investir em capital, porque pressupõem diminuir seu consumo actual, preferindo aumentar o seu numero de filhos para recolher os frutos de seu trabalho, que contribui assim para o orçamento geral do lar.

A captura de recursos públicos acontece quando a pessoa tem filhos que vão usar serviços públicos gratuitos na parte economicamente inactiva de suas vidas, dos 0 aos 16, de modo a colher os frutos de seu trabalho uma vez adultos. O exemplo típico, deste caso, é de pais que só colocam seus filhos a estudar se for gratuito e mesmo que for ao detrimento das crianças. Veja o meu texto sobre 70% dos pais do Cunene Odeiam os filhos.

Claro que estas situações não são puras e muitas pessoas podem viver misturas, em vários graus de proporção, porém elas tem em comum o facto que o prazer do adulto tem precedência sobre as necessidades da criança, tanto no presente como no futuro. Ou seja estamos diante de uma cultura do egoísmo.

A Criança como objecto a serviço de seu progenitor, é um corrente central de nossa cultura, que as vezes se manifesta de modo evidente, como no caso de abandono de cadáveres de bebes pelos pais, noticiados pelo Novo Jornal e Jornal de Angola, em varias ocasiões, que revela uma falta de amor, como se tratasse apenas de a sucata de uma carro acidentado. Pelo contrario deveríamos ter uma relação de amor e sacrifício pelos filhos, sendo que apenas culturas com este impulso acabam criando prosperidade e paz de espírito.

Pode se contrapor que as pessoas tem o direito de escolher seu modo de vida, mesmo que seja egoísta e causa e o sofrimento de sua própria progenitura, porém há dois problemas criados a nível da comunidade, no foro moral e económico.

No foro moral, os problemas causados pela aumento da população pobre constitui uma fonte constante de desmoralização da sociedade, especialmente de sua parte productiva, que é acusada de se a causa do males dos pobres e que fica ainda mais desmoralizada quando os programas de ajuda aos pobres falham, porque não agem sobre a causa do problema, o pobre.

No foro económico, os hábitos de reprodução da economia de subsistência, quando praticados em uma economia moderna, cria uma larga população de pessoa quase humanas, que são economicamente incompetente, pois não conseguem produzir o que querem consumir, ao mesmo tempo que tem vêem, seja na parte saudável da sociedade ou nas imagens de outros países, modos de vidas mais agradáveis, vivendo assim em constante estado de angustia emocional. Esta condição de quase humanidade é causa pela sub-alimentação, que impede o cérebro de atingir seu tamanho máximo, o que limita de maneira duradoura a inteligência potencial destas pessoas, e pela sub-educação, tanto familiar como escolar, que não permitem a estas pessoas desenvolver personalidades capazes de lidar com os problemas da existência moderna.

Infelizmente, tudo que eu disse será ignorado por quem, não vendo forma de culpar o governo no que eu escrevi, vai começar a gaguejar sobre “políticas publicas e direitos fundamentais”, porque o que não tem aproveitamento político não existe …

As políticas Publicas e os Direitos fundamentais, naquilo que podemos chamar de Estado Assistencial, surgiram depois das economias dos respectivos países terem atingindo uma alta produtividade económica, sendo que em Angola queremos colocar os bois antes da carroça.

Pior, vou ser acusado de “atacar os pobres”, outro sacrilégio da mente viciada pela droga da conquista do poder, ou de advogar a instituição de políticas autoritárias no estilo da China comunista, com sua política de criança única, porém bastaria mudarmos a nosso discurso a volta de nossa cultura, deixando de ver a pobreza como uma malefício causado por terceiros, a sociedade ou o governo, mas a consequência de nossas acções, seja a nível individual como familiar, sendo que isto terá o beneficio de obrigar as pessoas a arcar com as consequências de suas acções quando agora vivem em condição de inocente beatitude, sendo a maioria irá provavelmente ajustar o seu numero de filhos de acordo a seu potencial económico. Esta cultura de responsabilidade também terá efeitos positivos na parte da população que não é pobre, mas isto será discutido em outro texto.

Para concluir, a pobreza não é uma situação anormal em Angola, pois uma boa parte da população mantém uma cultura que é incompatível com a prosperidade moderna, veja o mesmo texto: A pobreza é anormal em Angola ?.

Sim, o povo esta cansado de sofrer, o problema é o povo está cansado de não ter aquilo que não consegue ter, pois seus actos cultivam a pobreza, como escrevi no meu texto: O povo está cansado de não ter aquilo que não consegue ter.

Porém a parte “esclarecida da sociedade” ao invés de esclarecer seus conterrâneos sobre as causas de sua pobreza, lhes lembrando que, nas palavras de Ortega e Gasset, que “a vida é o que fazemos e o que nos acontece”, lhes diz que seus actos não tem importância. A política em Angola se resume a excitar as frustrações do pobre, lhes lembrando de seus problemas sem lhe dar as ferramentas para os resolver, de modo que seja um escadote para a ascensão ao poder de uma facção.

A próxima vez que um mendigo te pedir esmola ou um pobre te pedir ajuda, pergunte a ele quantos filhos tem e quando é vai fazer planeamento familiar, pois não é a tua responsabilidade de o ajudar a escapar da consequência de seus actos.

Por Roboredo Garcia

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