Como se na verdade se tratam de uns santinhos que nunca tivessem feito nada de mau contra Angola, nem contra os seus próprios irmãos angolanos brancos e negros. Olha que não é bem assim, já que a verdade deve ser a única coisa que deve e tem que prevalecer então precisamos falar dos dois lados com a mesma intensidade.
Dos assassinos e dos assassinados sob o risco de não estarmos a ser justos até porque os assassinos são tão angolanos como os assassinados. Condeno sim, e vou condenar sempre o que aconteceu e jamais algum assassino terá o meu perdão enquanto não me pedir e não notar sinais visíveis de arrependimento.
Mas ora bem, tal não pode nem deve ser motivo que me obriga a fechar um olho e abrir só o outro porque só me interessa ver um lado de uma mesma moeda?
Embora não haja nenhum motivo seja qual for, para que se tire a vida a ninguém. Nós estamos perante uma realidade em que houve sim um genocídio que precisamos encarar de frente de peito aberto e falar sobre o assunto.
Mas sem nunca deixar de olhar dos dois lados de uma mesma moeda nesse caso, pois só houve assassinados porque houve assassinos, essa é a realidade. Dos nossos mortos falamos sempre com muito fervor e lágrimas no rosto, não tenho nada contra.
Mas pouco nos interessarmos que muitos dos nossos mortos também nem sempre foram pera doce isto é o que me parece não estarmos a ser justos.
Eu na outra crônica vou trocar alguns aspectos em miúdos para facilitar a compreensão e evitar más interpretações como se eu estivesse aqui a defender os assassinos, o que não é bem isso. Importa dizer, que eu conheci pessoalmente muitos jovens que foram assassinados, chorei suas mortes, muitos conhecidos desde a infância.
Mas estaria a mentir se dissesse que eles todos enquanto operativos da DISA, ao serviço deste MPLA que tivessem sido uns santinhos sem pecado. O ser humano por natureza tem tendência de terceirização da culpa para evitar se colocar diante de seus próprios erros e crimes cometidos também.
Por exemplo, leio às vezes certos jornalistas que do jeito que escrevem e colocam o dedo nas feridas alheias. O fazem como se eles tivessem sido sempre uns santos mesmo quando os únicos milagres que se conhecem deles também são indecorosos.
A maka é que a maioria dos angolanos são jovens e muitos nem sabem do passado não distante de tanta gente que aplaude. Por isso, se assustam facilmente e entram em curto circuito sempre que eu vasculho e lhes mostro o que está escondido debaixo do tapete.
Mas entre os assassinados não haviam também cruéis ou não nos importa?
Continuarei
Por Fernando Vumby