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Quarta, 26 Mai 2021 22:52

O pedido de perdão pelo 27 de maio de 1977 para continuar a dividir para melhor reinar

Acabo de ouvir pela voz do Presidente da República João Lourenço, em tom apaziguador que louvo, o discurso em que pede desculpas e perdão em nome do povo angolano, às vítimas do 27 de Maio e seus familiares, pela resposta desproporcional à tentativa de golpe de Estado que causou a morte de 4 Comandantes da FAPLA e de três civis naquela data.

Fiquei, porém, muito decepcionada, por ter sido anunciada, apenas a entrega dos restos mortais dos militares e pouquíssimos civis Ex dirigentes do grupo, acusados de serem os cabecilhas da intentona e dos artistas/FAPLA muito queridos pelo povo, incluindo por mim, mas excluídos os intelectuais e populares que foram a grande maioria torturada e fuzilada, muitos dos quais sem sequer conhecer Nito Alves.

Sendo que ainda estão em vida vários membros da Ex DISA, militares e membros do MPLA (e bem acomodados com ações em empresas oferecidas pelo MPLA), que participaram nos interrogatórios, nas torturas e nos fuzilamentos, porque razão, já se apressaram a informar, que não será possível entregar todos os corpos?

Porque não pedem aos Srs. Onambwe ‘, Carlos Jorge, Veloso, Carmelino, Toka, Peliganga, Ruth Mendes, Alcina Dias da Silva (Xinda Kassanji), etc., para explicarem o paradeiro das pessoas que mandaram prender, interrogar, torturar ou fuzilar?

Estão à espera que morram todos com direito a honras de Estado, como recentemente aconteceu ao General Ludy Kissassunda?

O regime vigente há 45 anos, não pode continuar a dividir para melhor reinar, dando primazia aos Senhores da Guerra, que inclui os Comandantes referidos da UNITA. Não há angolanos de 1a. e de 2a.

Desde o desaparecimento de Tito Luís Teixeira de Araújo Zuzarte de Mendonça, Tilu’, que enderecei mais de que uma carta à Procuradoria Geral da República, sem qualquer resposta e, pessoalmente na qualidade de vítima do 27 de Maio, não me revejo em nenhum dos grupos criados, pois nem eu nem o Tilu’ fizemos parte de nenhum grupo que pretendia assaltar o poder pela força.

Assim, exijo que seja entregue a família os restos mortais do médico Tito Luís Teixeira de Araújo Zuzarte de Mendonça, nascido em Luanda, aos 28 de Outubro de 1948, assim como indiquem a todas as famílias, as valas comuns, os rios, ou lagos, ou praias, onde atiraram os corpos dos nossos entes queridos e que retirem as patentes concedidas após 1977, aos carrascos, assim como as ações de empresas, oferecidas a esses torturadores ainda em vida.

Angola é de todos os angolanos.

A bem da Nação!

Por Maria Luísa Abrantes

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