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Sábado, 22 Agosto 2020 12:28

Três anos da eleição de João Lourenço e a nomeação da filha

Os angolanos assinalam neste domingo, 23 de Agosto, três anos depois de realizadas as eleições gerais de 2017, que mais do que um acto eleitoral, marcou o fim da Presidência de José Eduardo dos Santos e o início de uma nova era, com a entrada em cena de João Lourenço, como Presidente da República.

No dia 6 de Setembro foram anunciados os resultados finais do referido acto eleitoral, observado por membros da União Africana e União Europeia, sendo que esta última, recorda-se, decidiu por não mandar uma grande equipa de observadores, após a rejeição, por parte do Governo angolano, de “acordos específicos”, que a organização quís impor.

Não fosse o assunto criar um incidente político, em defesa da sua soberania, sem que isso beliscasse os acordos existentes no âmbito da cooperação e do Direito Internacional Público, a diplomacia angolana pronunciou-se, mais palavras menos palavras, nos seguintes termos: “Quem quiser vir, vem, e quem não quiser, pode não vir, mas o certo é que o convite é aberto”.

Do universo de duzentos e vinte lugares na Assembleia Nacional, o partido MPLA conquistou cento e cinquenta -cerca de 61,1 por cento dos votos válidos- facto que, desde a reforma constitucional de 2010, reforça o estatuto de maioritário que os “Camaradas” conservam, com sentido histórico.

Investido no cargo de Presidente da República, aos 26 de Setembro de 2017, João Lourenço, que se tornou o terceiro Chefe de Estado de Angola independente, fez um discurso que, analisado com profundo sentido de cidadania e de Estado, remete qualquer um de nós à conclusão de que estava a ser lançado o eixo orientador para os cinco anos da sua governação.

João Lourenço disse que “A necessidade de transparência na actuação dos serviços e dos servidores públicos, bem como o combate ao crime económico e à corrupção que grassa em algumas instituições, em diferentes níveis, constitui uma importante frente de luta a ter seriamente em conta”. Com alguma frontalidade, o Titular do Poder Executivo afirmou que “a corrupção e a impunidade têm um impacto negativo directo na capacidade do Estado e dos seus agentes executarem qualquer programa de governação. Exorto, por isso, todo o nosso povo a trabalhar em conjunto para extirpar esse mal que ameaça seriamente os alicerces da nossa sociedade”.

Do acima exposto e actos subsequentes, de forma unânime, os cidadãos compreenderam que a acção governativa de João Lourenço estaria ancorada, fundamentalmente, na luta contra a corrupção, a impunidade, o nepotismo e outros actos nocivos à sociedade.

O desenlace de certos compromissos económicos, comerciais, empresariais e financeiros, por via dos quais muitos interesses do Estado foram gravemente lesados ao longo de anos, foi um sinal evidente, que os angolanos estavam a escrever uma nova página da sua história.

Nela, se pressagiava a morte efectiva dos até então poderosos senhores “ordens superiores”, “sabes quem sou eu”, “Bajulino”, só para citar estes.

Na atmosfera política doméstica, em termos globais, emergiu o sentimento de estarmos a caminhar para a normalização e moralização da sociedade, há muito desejada, sobretudo pela necessária observação e cumprimento de direitos fundamentais, outrora pisoteados como se Angola fosse propriedade privada de uns poucos iluminados.

Perguntará o augusto leitor, e onde se encaixa a nomeação da filha do Presidente João Lourenço, expressa no título? É a questão que vamos abordar no próximo texto, pelo que, até lá, votos de bom fim-de-semana, e melhor que seja ao sabor de mufete, com feijão de óleo de palma, farinha musseque, regado com maruvu, a boa maneira muangolê.

Por Carlos Calongo / JA

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