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Sábado, 24 Setembro 2016 13:31

Jornalistas não encontraram sinais da guerra que a FLEC diz existir em Cabinda

Militares da FLEC/FAC Militares da FLEC/FAC

Uma comitiva de jornalistas viajou durante três dias em Cabinda, a convite das autoridades locais, que desmentem o clima de guerra que a FLEC diz existir no enclave.

As sucessivas reivindicações por parte da FLEC de ataques contra posições das Forças Armadas Angolanas (FAA) criam a sensação de um ambiente de guerra no enclave, constantemente propalado nas redes sociais. Para desmontar este cenário, as autoridades locais convidaram a imprensa nacional e internacional a percorrer, durante três dias, os quatros municípios da província.

Com este convite, o governo local antecipou-se à FLEC que, no mês passado, "convidou toda a imprensa a visitar algumas bases no interior de Cabinda, durante o mês de Novembro de 2016". No documento em que dirigia o convite, a guerrilha cabindense dizia que, "na ocasião, qualquer jornalista poderá constatar a realidade nos territórios libertados pela FLEC e podem entrevistar operacionais e comandantes regionais".

O comunicado da FLEC/FAC surgiu após as declarações do chefe do Estado Maior das Forças Armadas Angolanas, general do exército Geraldo Sachipengo Nunda, que disse à imprensa que a situação em Cabinda era calma.

A visita da imprensa nacional e internacional (RTP África, Novo Jornal e Luanda Antena Comercial "LAC"), a convite das autoridades locais, começou na comuna do Necuto, município de Bucu-Zau, região considerada bastião da FLEC.

A «Operação Vassoura», levada a cabo pelas Forças Armadas Angolanas (FAA) entre 2004 e 2005, levou ao desmantelamento do "MG", como era conhecida essa base, e repôs a paz e a tranquilidade na região.

Com os acordos de paz para Cabinda, a FLEC estabeleceu a cessação total e definitiva das hostilidades contra o Governo e desmilitarizou as suas forças armadas, tendo alguns dos seus efectivos sido integrados nas FAA e na Polícia Nacional.

A comuna do Necuto, com 679 quilómetros quadrados e uma população estimada em mais de 11 mil habitantes, faz fronteira com a República Democrática do Congo. Apenas o rio Chiloango separa a comuna do território da RDC.

António Massova vende óleo de palma no mercado fronteiriço de Necuto há cinco anos. Ao Novo Jornal, Massova reconheceu que há 16 anos a região era muito perigosa, face às sucessivas incursões armadas entre as FAA e a FLEC.

"Nos tempos passados, havia instabilidade militar, mas agora é só o comércio", revela, salientando que, durante a guerra, as populações abandonaram a comuna para buscar segurança na cidade de Cabinda.

Das 85 aldeias que compõem a comuna, apenas nove estão desabitadas, mas há um trabalho de sensibilização junto das autoridades tradicionais de modo a permitir que os antigos moradores regressem. De Necuto à cidade de Cabinda são 200 quilómetros asfaltados.

Vigilância é a prioridade

O melhoramento da protecção e vigilância das fronteiras continuam a figurar entre as principais prioridades do Comando da Região Militar Cabinda.

"A província de Cabinda é limitada, a norte, pela República do Congo, a leste e a sul, pela República Democrática do Congo e, a oeste, pelo Oceano Atlântico. Vamos deixar essas fronteiras assim?", questionou o comandante da Região Militar Cabinda, general Pitéu.

Segundo ele, a imigração ilegal e o comércio descontrolado colocam as fronteiras nacionais extremamente vulneráveis a ameaças externas.

"Neste momento, há problemas na RDC. Nós temos de proteger as nossas fronteiras para evitarmos problemas", acrescentou.

De acordo com o comandante da região, Cabinda vive um clima de paz e as notícias sobre guerra no território são fomentadas pelos inimigos da estabilidade.

"Vocês andaram nos quatro municípios da província sem protecção dos militares ou da polícia e falaram com o povo. Alguém disse que há guerra em Cabinda?", questionou, desvalorizando as informações que as redes sociais veiculam a respeito do enclave.

NJ

 

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Last modified on Sábado, 24 Setembro 2016 13:50