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Quarta, 13 Julho 2016 21:40

Pastor acusado de tentar derrubar o governo de Mugabe foi libertado

Pastor Evan Mawarire depois de ser libertado Pastor Evan Mawarire depois de ser libertado

Um tribunal do Zimbabué rejeitou, na quarta-feira, as acusações contra líder religioso acusado de tentar derrubar o Governo, através de uma campanha na internet, que levou os protestos contra o presidente Robert Mugabe.

O Tribunal considerou que os procuradores apresentaram acusações diferentes daquelas pelas quais o pastor Evan Mawarire tinha sido detido. Depois de passar uma noite detido por terem sido alvo de buscas policiais, o religioso foi libertado.

Apoiantes do Pastor Evan Mawarire comemoram a notícia de libertação com música e dança, os seus advogados argumentaram que os procuradores tinham acusado na última hora o pastor do crime de subversão sem sucesso.  

Para Amnistia Internacional a prisão do pastor Evan Mawarire parece tinha sido um plano "bem calculado" para intimidar os ativistas que organizaram a greve geral, afirmou hoje o diretor-adjunto para a África Austral, Muleya Mwananyanda.

O pastor Evan Mawarire, foi detido ontem, na véspera de novas greves, afirmou o seu advogado à agência France Presse.

O pastor batista Evan Mawarire, de 39 anos, ganhou nome rapidamente ao divulgar um vídeo na Internet em abril onde atacava a corrupção e a má gestão do governo, numa altura em que o Zimbabué enfrenta uma grave crise económica e a seca.

O vídeo, no qual Mawarire tinha uma bandeira do Zimbabué, deu origem ao 'hashtag (rótulo - palavra-chave antecedida pelo símbolo #)' ThisFlag (esta bandeira), que se tornou um símbolo do movimento de contestação.

Uma greve geral, acontecimento inédito no Zimbabué desde 1989, levou ao encerramento de numerosos lojas, escolas, bancos, tribunais e serviços administrativos na última quarta-feira, enquanto os transportes coletivos estiveram paralisados.

A greve seguiu-se a vários dias de manifestações, incluindo de funcionários públicos que não receberam salário no mês de junho.

Outras manifestações estão previstas para quarta-feira e quinta-feira, num clima de desafio crescente ao regime do Presidente Robert Mugabe, de 92 anos e no poder há 36.

Num vídeo divulgado antes da sua detenção, o pastor Mawarire apela à continuação das greves e à não-violência.

"Sem violência, cidadãos (...) Optamos pelas greves porque é tudo o que podemos fazer para que o governo nos ouça", declara.

As manifestações, cujos vídeos divulgados na Internet mostram a repressão da polícia, revelam a frustração crescente da população, num país em que 90% dos trabalhadores não têm um emprego formal.

A semana passada, o Presidente Mugabe voltou a atribuir às potências ocidentais a responsabilidade pelo atraso no pagamento dos funcionários públicos.

"O pagamento dos salários pode ser adiado devido às sanções", disse na sexta-feira numa reunião política.

As sanções, impostas pelos países ocidentais devido a violações dos direitos humanos no Zimbabué, apenas visam o Presidente e a sua equipa.

No domingo, o ministro da Informação, Christopher Mushow, declarou que as autoridades vigiavam "todos os que abusam dos 'media' sociais para provocar agitação no país" e o governo advertiu que quem quer que partilhasse materiais "subversivos" seria detido.

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