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Quarta, 20 Janeiro 2016 23:33

Secretário-geral da Renamo baleado no final de conferência de imprensa

O secretário-geral da Renamo foi baleado na cidade da Beira, no centro de Moçambique, e corre risco de vida.

Manuel Bissopo foi atingido a tiro no final de uma conferência de imprensa na Beira. Bissopo ficou ferido com gravidade e o guarda-costas que o acompanhava morreu no local.

De acordo com algumas fontes Manuel Bissopo foi atingido do lado esquerdo, perto do coração e será pouco provável que sobreviva.

Fonte familiar diz que Bissopo se encontrava dentro da sua viatura na companhia do seu guarda-costas, que ficou crivado de balas.

Além do guarda-costas e de Bissopo, viajavam na mesma viatura três pessoas, que ficaram ligeiramente feridas ou escaparam ilesas, de acordo com informações da líder parlamentar da Renamo, Ivone Soares.

Renamo acusa forças de segurança

Bissopo estava a tratar de questões logísticas de um comício em que Afonso Dhlakama iria falar a população no bairro da Munhava ainda hoje. Ao mesmo tempo apontava o dedo às autoridades.

O secretário-geral "tinha acabado de sair de uma conferência de imprensa onde denunciou o rapto e o assassínio de três dos nossos membros quando duas viaturas da Defesa e da Segurança começaram a persegui-lo e depois o atacaram", explicou à  RDP África o porta-voz da Renamo, António Muchanga. Este responsável fala ainda de um golpe no diálogo político em Moçambique.

Ivone Soares, que se encontra a realizar trabalho político na província da Zambézia, disse à Lusa por telefone que, "neste momento, Bissopo está entre a vida e a morte".

A líder parlamentar da oposição descreveu à Lusa o ocorrido. Diz que o secretário-geral da Renamo tinha acabado de denunciar em conferência de imprensa alegados raptos e assassínios de membros do seu partido e preparava-se para se deslocar para uma reunião da força de oposição na Beira, quando a sua viatura foi bloqueada por outros dois carros, de onde saíram os tiros.

Ivone Soares, lembra que o dirigente do seu partido é também deputado e membro da comissão permanente da Assembleia da República.

A polícia confirma o ataque mas não identifica os assaltantes. "Neste momento não temos detalhes suficientes para compreender como se desenvolveu este ato bárbaro", declarou à AFP Inácio Dina, porta-voz do comando central da polícia.

Moçambique à beira da guerra

A tentativa de assassínio do número dois da Renamo coincide com a proibição de várias atividades da Renamo na capital moçambicana, por parte do Governo.

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dlakhama, continua a constestar os resultados oficiais das legislativas de 2014. Recentemente Dlakhama anunciou pretender assumir o poder em seis das 11 províncias de Moçambique, se necessário pela força.

O paradeiro de Afonso Dhlakama é alvo de debate uma vez que não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

Confrontos entre forças governamentais e da Renamo, nas últimas semanas no centro do país, levaram já mais de 2000 pessoas a procurarem refúgio no vizinho Malawi.

Ivone Soares atribui à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) a autoria de todos os incidentes, acusando o partido no poder de tentativas repetidas de assassínio dos dirigentes da maior força de oposição.

"A morrer um por um"

Para a líder da bancada da Renamo, o caso de hoje envolvendo Manuel Bissopo vem no seguimento de incidentes anteriores com a comitiva do líder do seu partido, Afonso Dhlakama, no que descreve como um quadro de "terrorismo de estado".

A chefe da bancada da Renamo acusou ainda as Nações Unidas de "assobiarem para o lado" face à situação política em Moçambique, bem como as principais missões diplomáticas em Maputo, referindo os casos concretos de Portugal, Estados Unidos, Reino Unido e Itália como símbolos de "um estranho silêncio".

Para Ivone Soares, esta crise é motivada pela falta de justiça eleitoral, insistindo na acusação de fraude na votação de outubro de 2014.

"Fomos roubados em votos e agora estamos a morrer um por um", afirmou a deputada, reafirmando a necessidade de uma intervenção urgente da comunidade internacional.

A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.

Lusa

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