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Terça, 15 Setembro 2015 01:22

UE pede investigação completa a ataque contra líder da oposição moçambicana

A delegação da União Europeia em Maputo pediu hoje uma "investigação célere e completa" do ataque contra uma coluna em que seguia o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, considerando que o incidente prejudica os esforços de paz em Moçambique.

"O povo de Moçambique merece ser informado com total clareza sobre o ocorrido", defende um comunicado enviado à Lusa em nome dos chefes de missão da União Europeia acreditados no país, na sequência de um ataque, no sábado, na província de Manica, contra a caravana que transportava o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).

Segundo a delegação da União Europeia, o ataque, de que Dhlakama saiu ileso, "prejudica os esforços para alcançar a paz e a estabilidade em Moçambique", lembrando que "o agravamento de tensões e da violência afeta não só a população e o desenvolvimento do país, como tem também impacto no comércio e investimento".

Os chefes de missão dos países da União Europeia "encorajam todas as partes à contenção e a encontrarem neste momento vias para a criação de um clima de confiança", prossegue o comunicado, que apela para o diálogo construtivo entre as partes, na base de que "as divergências de natureza política devem ser abordadas por meios pacíficos".

A declaração da Delegação da União Europeia segue-se a dois outros pronunciamentos de missões estrangeiras em Moçambique, com as embaixadas dos Estados Unidos e do Canadá em Maputo a condenaram também o ataque e apelando igualmente para a contenção das partes.

O ataque aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.

A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança moçambicanas.

Mais tarde, Dhlakama atribuiu à Frelimo a "emboscada planificada" de que foi alvo, afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada" e indicando que está disponível para o diálogo.

A polícia moçambicana negou o envolvimento no ataque e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder em Moçambique, considerou hoje que a emboscada foi uma "simulação" da Renamo, acusando o movimento de procurar "pretexto" para uma guerra.

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Nas últimas semanas, o diálogo de longo-prazo entre as duas partes foi rompido pelo líder da Renamo, que recusou um convite para discutir a situação política com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, até obter garantias de cumprimento dos entendimentos de paz já existentes.

Dhlakama recusa também desarmar os militares do seu partido e que se têm envolvido em confrontações com as forças de defesa e segurança moçambicanas, além de ter anunciado novos quartéis na província da Zambézia e a criação de uma polícia própria.

Lusa

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