"O presidente da República segue com grande atenção os acontecimentos atuais no Burundi. Ele apela a todas as forças em presença para renunciarem a qualquer violência e a tomarem as medidas necessárias para que o processo eleitoral no Burundi possa recomeçar o mais rapidamente possível, no respeito pela Constituição e pelos acordos de Arusha (que puseram fim à guerra civil de 1993-2006)", indicou o Eliseu num comunicado.
Vinte e quatro horas após o anúncio da destituição do presidente Pierre Nkurunziza pelo general Godefroid Niyombare, ex-companheiro de armas do chefe de Estado, continua a ser impossível dizer quem detém o poder no país, segundo a agência France Presse que tem jornalistas em Bujumbura, capital do Burundi.
Ao início da tarde, os golpistas lançaram um novo ataque contra as forças fiéis ao presidente Nkurunziza colocados à volta da radiotelevisão nacional do Burundi (RTNB) para tentarem retirar-lhes o controlo do edifício estratégico.
O controlo da RTNB é ainda mais importante depois de terem deixado de emitir as três principais rádios privadas do país -- RPA, Radio Bonesha e Insaganiro -- e a principal televisão independente, Télé Renaissance, que difundiam as mensagens dos golpistas.
Estes media foram atacados, segundo os seus responsáveis, por forças pró-Nkurunziza e já não têm capacidade de emitir ou pararam as emissões por receio de serem atacados.
As rádios independentes estão na mira do governo desde o início dos protestos no final de abril contra um terceiro mandato de Pierre Nkurunziza que levou à tentativa do golpe de Estado na quarta-feira.
Acusadas de divulgarem os apelos para as manifestações, foram impedidas de emitir fora da capital desde 26 de abril e a RPA foi fechada no dia seguinte.
Segundo forças militares, os golpistas estão organizados à volta do 11.º batalhão paraquedista, unidade de elite das forças armadas, e dizem controlar o aeroporto internacional, enquanto o campo leal a Nkurunziza se apoia sobretudo na brigada especial de proteção das instituições.
Esta brigada de elite guardava hoje a presidência, a RTNB e a sede nacional do partido presidencial, o CNDD-FDD, segundo a AFP.
O presidente Nkurunziza encontra-se num local secreto em Dar es Salaam, de acordo com fonte da presidência tanzaniana. O chefe de Estado do Burundi estava na Tanzânia quando foi anunciada a sua destituição para participar numa cimeira regional sobre a crise no seu país, que já causou cerca de 20 mortos e levou dezenas de milhares a fugirem para os países vizinhos.
LUSA