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Domingo, 12 Outubro 2014 17:03

Polícia tenta dispersar comício de Dhlakama em Nampula

Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade, em resultado de atos de violência envolvendo membros da Renamo e da Frelimo, em Nampula, no último dia da campanha para as eleições gerais em Moçambique

Além da entrada de feridos no Hospital Provincial de Nampula, noticiado pela agência moçambicana AIM, onze pessoas foram detidas, de acordo com o canal de televisão privado STV, no dia em que o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, encerrava a campanha para as eleições de quarta-feira, com um comício na capital do maior círculo eleitoral do país.

"Na manhã de hoje, membros da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] espalharam-se pela cidade e praticaram atos de violência, arremessando pedras contra carros e pessoas", disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), referindo-se ao "comportamento selvático" de elementos do principal partido de oposição.

Além dos confrontos, as autoridades tentaram também dispersar, com gás lacrimogéneo, a multidão que se concentrava no estádio 25 de Setembro para ouvir Dhlakama, no seu comício final da campanha para as eleições de quarta-feira, testemunhou a Lusa no local.

Segundo Ivone Soares, deputada da Renamo e que também foi atingida pelo gás lançado no comício, os apoiantes da Renamo foram perseguidos hoje com provocações, insultos e manobras de intimidação de 'motards' do partido no poder.

"Os ânimos aceleraram e houve situações de pancadaria nas redondezas do local onde ia acontecer o comício. "Mas nada explica", para a dirigente da Renamo, "a força que depois foi aplicada", acusando as autoridades de recorrerem a um blindado do exército e a elementos da Força de Intervenção Rápida (FIR) e provocarem uma "situação de guerra e salve-se quem puder em plena cidade".

A situação não se tornou pior, adiantou, porque houve contactos entre autoridades locais e dirigentes da Renamo e "o blindado foi-se embora e os homens da FIR também".

Ivone Soares disse que em Angoche, distrito da província de Nampula, a delegação local da Renamo foi vandalizada, registando-se também casos de agressões e pelo menos um esfaqueamento de um elemento do partido de oposição.

A AIM informou que em Nacala Porto, também na província de Nampula, houve registo de mais confrontos, feridos e viaturas danificadas.

Apesar dos incidentes, a Renamo manteve o comício de Dhlakama em Nampula e que começou com quase duas horas de atraso, quando a situação tendia a serenar na cidade.

"Felizmente os jornalistas puderam ver em primeira mão aquilo que está a acontecer. Eu não sei se todos os regimes que estão em decadência têm que se comportar dessa maneira. Se o povo não quer a Frelimo {Frente de Libertação de Moçambique, no poder] não insistam. Saiam a bem", disse Ivone Soares.

Um membro da Polícia da República de Moçambique disse à Lusa que "as ordens para disparar contra as pessoas vieram da chefia máxima", não esclarecendo o que levou a polícia a atuar. "Nós apenas viemos cumprir", afirmou.

Moçambique realiza na quarta-feira eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais).

líder da Renamo, Afonso Dhlakama passou ontem a tarde em Maputo, onde uma multidão saiu à rua para se certificar de que ele estava mesmo lá, aclamando-o como “papá” e futuro Presidente moçambicano.

Numa ação de campanha para as eleições gerais de quarta-feira, com início na sede da Renamo na cidade de Maputo, a caravana de Afonso Dhlakama foi recebida por milhares de pessoas ao longo de mais de duas horas e sob chuva leve e persistente, que cantavam eufóricas “É papá”,

“O Dhlakama é diferente dos outros, o Dhlakama quer mudar”, afirmou o líder da Renamo, com a voz amplificada pelas colunas de som da caravana, numa das muitas paragens que realizou no centro de Maputo.

Dhakama dançou, cantou e prometeu “acabar com a pobreza, criminalidade e raptos de crianças de pessoas ricas em Maputo”, acusando a Frelimo, partido no poder, de coordenar estes crimes.

“Não vamos perder tempo. Votem na Renamo e no Afonso Dlhakama, o lutador pela democracia, o vosso servidor, o vosso trabalhador”, disse o presidente do maior partido da oposição moçambicana, diversas vezes interrompidos por transeuntes e militantes desta formação política.

 “Esperei muito tempo por este dia e é uma grande emoção saber que ele está vivo”, declarou à Lusa Ângela Fernandes, 24 anos, uma apoiante da Renamo na Matola, cidade-satélite de Maputo, referindo-se à ausência de Dhlakama da capital durante mais de cinco anos, quando fixou residência em Nampula antes de refugiar na Gorongosa, no mais recente conflito com o Governo. “Tudo o que ele fala, sabemos que ele vai fazer. Queremos dar-lhe essa oportunidade”, disse ainda.

LUSA\AO24

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