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Quarta, 24 Setembro 2014 22:31

Após decapitação de francês, Hollande diz que não cederá à barbárie de jihadistas

Paris — Um grupo jihadista argelino ligado ao Estado Islâmico (EI) divulgou nesta quarta-feira um vídeo que mostra a decapitação do refém francês Hervé Gourdel. O vídeo intitulado “Mensagem de sangue ao governo francês”, em um recado para o presidente François Hollande, que rejeitou um ultimato para acabar com os ataques no Iraque. A execução foi confirmada pelo governo francês e Hollande ressaltou em discurso da 69ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas que “jamais cederá à barbárie dos jihadistas”.

— A França vive uma prova com o assassinato de um de nossos compatriotas, mas a França jamais vai ceder às chantagens — afirmou Hollande, acrescentando que “a luta contra o terrorismo deve ser mantida e ampliada”.

O presidente abriu seu discurso da ONU ressaltando que as ações do Estado Islâmico não são uma ameaça só para a região, mas para o mundo todo, e mostrou apoio aos ataques aéreos no território sírio, para enfrentar os avanços e conquistas do Estado Islâmico.

— A França respalda a oposição democrática na Síria; consideramos que é a única representação legítima do povo sírio. Temos que condenar o regime de Bashar al-Assad, responsável pelo que vem ocorrendo — ponderou o presidente francês.

Mais cedo, Hollande confirmou a execução de Gourdel, classificando-a de “cruel e vergonhosa”. O presidente ressaltou que se reunirá nesta quinta-feira com o Conselho de Defesa para definir os objetivos do governo nas operações militares e reforçar a proteção dos franceses.

— Hervé Gourdel foi assassinado por um grupo terrorista de forma cruel e vergonhosa. Penso nele. Ele tinha ido à Argélia por sua paixão pelas montanhas. Foi vítima de um crime hediondo, e os autores devem ser punidos — disse o presidente francês pouco depois das primeiras informações sobre a morte do refém, ressaltando que os ataques franceses no Iraque devem seguir. — As operações aéreas militares continuarão enquanto for necessário. Quero que todas as medidas sejam tomadas para garantir a segurança dos nossos compatriotas na França e em todo o mundo.

A gravação que mostra a execução de Gourdel, postada em sites jihadistas, começa com imagens de Hollande na entrevista coletiva durante a qual anunciou a participação da França nos ataques contra o EI no Iraque. Em seguida, mostra o refém de joelhos e com as mãos atadas atrás das costas, cercado por quatro homens armados e com os rostos cobertos.

Um dos homens lê uma mensagem em que denuncia a intervenção dos “cruzados criminosos franceses” contra os muçulmanos na Argélia, no Mali e no Iraque. O vídeo se assemelha ao que mostra a decapitação por jihadistas do EI de dois jornalistas americanos sequestrados na Síria — James Foley e Steven Sotloff — e do ativista humanitário britânico David Haines.

Hervé Pierre Gourdel, um guia de montanha de 55 anos, foi sequestrado na Argélia no domingo passado e apareceu em vídeo publicado na terça-feira pelos extremistas. Na gravação, o cidadão francês diz seu nome, idade e data de nascimento, e conta que chegou à Argélia em 20 de setembro e foi raptado no dia seguinte.

Depois do primeiro vídeo, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, confirmou o sequestro, mas não a identidade do grupo que o sequestrou. Na tentativa se resgatar Gourdel, o Exército argelino lançou uma operação e mobilizou cerca de 1.500 soldados em Cabília, no Norte do país.

O grupo extremista Jund al-Khilafah, que se diz aliado do Estado Islâmico, baseado na Argélia, ameaçou matar Hervé Gourdel dentro de 24 horas caso a França não interrompesse a intervenção militar no Iraque. O governo francês juntou-se à campanha militar liderada pelos Estados Unidos na semana passada e lançou ataques aéreos contra posições do Estado Islâmico no Iraque.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou nesta quarta-feira, diante da Assembleia Nacional, que a França continuará seus bombardeios no Iraque até que o Exército iraquiano recupere o controle da situação diante do avanço extremista.

AFP

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