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Terça, 07 Julho 2020 15:19

Presidente do Brasil anuncia que contraiu covid-19

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje, após anunciar que está infetado pelo novo coronavírus, que a doença é como uma chuva que atingirá algumas pessoas e que o pânico na sociedade por cauda da pandemia também mata.

“O que eu posso falar para todo mundo é que este vírus, como já dizia no passado e era muito criticado, é como uma chuva. Vai atingir você. Alguns não. Alguns têm de tomar maior cuidado com este fenómeno. Agora acontece”, afirmou Bolsonaro, ao confirmar que o teste realizado na segunda-feira deu positivo para covid-19.

Jair Bolsonaro também considerou que a subida do número de mortes no país este ano, atestada por diferentes estatísticas, não foi provocada pela covid-19, mas pelo medo que a pandemia despertou nas pessoas, que deixaram de procurar atendimento médico para outros problemas de saúde.

“Temos tomado conhecimento de que muita gente tem morrido em casa porque não vai ao hospital buscar tratamento com medo do vírus. O número de óbitos tem aumentado muito por outras causas, não pelo vírus, mas sim pelo medo do vírus. O pânico também mata”, afirmou o Presidente brasileiro.

Durante a sua declaração, transmitida nas redes socais e também pelos ‘media’ locais, Bolsonaro falou com máscara perto dos jornalistas, mas afastou-se depois um pouco para retirar a proteção e mostrar que está bem “graças a Deus”.

Questionado sobre o que fará agora que exames laboratoriais confirmaram a infeção, o chefe de Estado brasileiro disse que vai trabalhar no seu gabinete e despachar por videoconferência para evitar contaminar outras pessoas.

Bolsonaro também revelou que pensava já ter sido infetado antes e que se não tivesse feito o exame provavelmente não saberia que estava com a doença porque manifestou sintomas leves.

“Tendo em vista este meu contacto com o povo, que foi bastante intenso nos últimos meses, achava que já tivesse contraído e não tinha percebido, como a maioria da população brasileira que contrai o vírus e não percebe o problema, a contaminação”, afirmou.

O Presidente brasileiro declarou que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da covid-19, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada por estudos e pesquisas científicas.

“Dados os sintomas, a equipa médica resolveu aplicar hidroxicloroquina e eu tomei no dia de ontem por volta das 17 horas, o primeiro comprimido”, declarou Bolsonaro.

“Eu estou bem. Estou normal em comparação a ontem (…) Estou muito bem, acredito e credito [a melhora] não só ao atendimento médico, mas à forma como ministraram a hidroxicloroquina, a reação foi quase que imediata. Poucas horas depois estava me sentindo muito bem”, relatou.

Bolsonaro também defendeu que a aplicação da hidroxicloroquina na fase inicial do tratamento teria, na sua avaliação, apesar de admitir não ser médico, quase 100% de possibilidade de recuperar os infetados.

“Grande parte da população uma vez contaminada não toma conhecimento. Não sente absolutamente nada. Eu, por exemplo, tive um mal-estar. Febre, cansaço, que poderia ser por outro motivo qualquer. Um pouco de dor muscular. E confesso que se tivesse tomado a hidroxicloroquina estaria bem, seria uma forma preventiva apenas. Estaria muito bem sem esboçar qualquer reação. Assim acontece com a população”, defendeu Bolsonaro.

O chefe de Estado brasileiro também defendeu que a reabertura económica promovida por governos regionais são positivas e que é preciso se preocupar com o desemprego, com o aumento de suicídios, que pode ser consequência do desemprego.

“A vida continua, o Brasil tem que produzir, você tem que botar [colocar] a economia para rodar. Alguns me criticaram no passado dizendo que a economia se recupera, a vida não, isto não é uma verdade absoluta. A vida não se recupera, mas a economia não funcionando leva a outras causas de óbitos, de mortes, de suicídios no Brasil. E isto está sendo esquecido", advogou Bolsonaro.

Embora o Presidente brasileiro considere a doença menos letal do que a maioria dos especialistas e diga que poucos terão sintomas mais preocupantes se forem infetados pela doença, o Brasil é dos países mais atingidos no mundo pela covid-19, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 1,62 milhões de casos e 65.487 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

Opositores desejam recuperação de Bolsonaro mas criticam postura do PR na pandemia

Vários opositores políticos do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, usaram hoje as redes sociais para desejar a recuperação do chefe de Estado, que testou positivo para a covid-19, mas criticaram a sua postura ao longo da pandemia.

"Lamento pelos mais de 1,6 milhões de infetados e pelo facto de termos entre nós o pior gestor de crise do mundo. Desejo que todos se restabeleçam, inclusive Bolsonaro. Aos familiares dos que se foram a meio do descaso do Governo, os meus sinceros sentimentos", escreveu na rede social Twitter o ex-candidato presidencial pelo Partido dos Trabalhadores Fernando Haddad, que disputou o sufrágio de 2018 contra Bolsonaro.

Já o governador do estado de São Paulo, João Doria, com quem Jair Bolsonaro se tem desentendido nos últimos meses em relação às políticas de isolamento social face à pandemia, desejou que o Chefe de Estado "sigas as orientações da medicina" para se recuperar.

"Desejo pronta recuperação ao Presidente Jair Bolsonaro, diagnosticado com covid-19. Que ele siga as orientações da medicina e, em breve, esteja restabelecido", disse Doria no Twitter.

Também o ex-ministro da Justiça do Brasil Sergio Moro, que deixou o Governo em abril, após acusar Bolsonaro de interferência na Polícia Federal, indicou que "apenas cabe desejar a plena recuperação" do chefe de Estado.

Mais agressiva nas palavras usadas foi a deputada Joice Hasselmann, outrora uma forte alidada de Bolsonaro mas hoje uma das grandes críticas do seu Governo, que apelidou o chefe de Estado de "irresponsável" e apelou a que se mantenha isolado a partir de agora.

"O Presidente Jair Bolsonaro descuidou da sua saúde, boicotou o uso de máscara e o isolamento social. Foi irresponsável com ele e com os outros. Está com o coronavírus e certamente contaminou muitos outros. Agora o mínimo que tem de fazer é ficar isolado até que se cure. Seja responsável, Presidente", apelou a deputada federal pelo Partido Social liberal (PSL), antiga formação política de Bolsonaro.

Outro dos adversários de Bolsonaro nas presidenciais de 2018 que criticou a postura do Presidente ao longo da pandemia foi Guilherme Boulos (PSOL-Partido Socialismo e Liberdade), afirmando hoje que a maioria dos infetados pelo novo coronavírus não poderá tratar-se em hospitais de luxo.

"Bolsonaro levou o Sistema Único de Saúde à beira do colapso durante a pandemia. Desmontou o Ministério da Saúde e investiu no Gabinete do Ódio (disseminação de notícias falsas). Ao contrário dele, a maior parte da população não tem a opção de recorrer a uma suíte 'VIP' em algum hospital de luxo", criticou Boulos no Twitter.

O Presidente do Brasil disse hoje que está infetado com o novo coronavírus, um dia depois de relatar sintomas e realizar um teste num hospital Militar, em Brasília.

“Todo o mundo sabia que mais cedo ou mais tarde [o vírus] ia atingir uma parte considerável da população (...) Eu, se não tivesse feito o exame, não saberia do resultado. E ele acabou de dar positivo”, declarou o Presidente brasileiro.

O mandatário brasileiro declarou que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da covid-19, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada por estudos e pesquisas científicas.

Jair Bolsonaro, um dos líderes mais céticos em relação à gravidade da atual pandemia, tem suscitado duras críticas por se opor ao isolamento social para combater a propagação da covid-19, doença que chegou a classificar de "gripezinha".

Embora o Presidente brasileiro considere a doença menos letal do que a maioria dos especialistas e diga que poucos terão sintomas mais preocupantes se forem infetados pela doença, o Brasil é dos países mais atingidos no mundo pela covid-19, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 1,62 milhões de casos e 65.487 óbitos), depois dos Estados Unidos da América.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 538 mil mortos e infetou mais de 11,64 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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