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Sábado, 18 Janeiro 2014 17:19

Angola deve "fazer mais" para garantir benefícios do petróleo à população

O lançamento de dez concessões para exploração de petróleo em Angola é positivo, mas o Governo deve "fazer muito mais" para garantir à população que as receitas servirão para melhorar a sua vida, considera a revista britânica "The Economist".

"A maioria do petróleo em Angola está na costa. É significante que a exploração está agora a chegar a terra, onde as operações são mais baratas e poderão abrir a porta a empresas locais e internacionais mais pequenas", refere a Economist Intelligence Unit (EIU), unidade de análise económica da revista britânica "The Economist".

"No entanto, a atividade em terra traz o setor petrolífero para mais perto dos angolanos comuns, e há riscos ambientais que têm de ser cuidadosamente geridos, e muito mais tem de ser feito para garantir à população, mais de um terço da qual vive na pobreza, segundos os números do próprio Governo, que os esforços para partilhar esta riqueza entre todos, e não apenas uma pequena elite, estão mesmo a ser feitos", escreve a Economist Intelligence Unit.

A petrolífera angolana Sonangol anunciou, em comunicado, na segunda-feira, a abertura de um concurso público para leilão de 10 concessões no "onshore" de Angola, sete dos quais na bacia do rio Kwanza e os restantes três na do rio Congo.

Para reforçar a divulgação do potencial dos 10 blocos, a Sonangol acrescenta no comunicado que procederá a um "roadshow" que integra apresentações em Londres (3 de fevereiro) e Houston, Estados Unidos (10 de fevereiro), concretizando um anúncio feito a 30 de setembro sobre o lançamento dos leilões.

De acordo com a análise, a que a Lusa teve acesso, os anúncios públicos "são bem-vindos, parecendo sinalizar ao menos alguma vontade da Sonangol de ser transparente", até porque "no passado a companhia petrolífera tem sido fortemente criticada pela opacidade percecionada nas suas operações, dizendo que tem de manter os detalhes do contrato - porque razão concede o quê a quem e por quanto - privados para proteger os seus interesses comerciais".

O texto acrescenta que "os ativistas anticorrupção argumentam que isto é um pretexto para esconder o enriquecimento dos próprios envolvidos na assinatura dos acordos" e conclui que "resta saber qual a quantidade de informação vai ser publicada sobre estes contratos, as propostas e a decisão final".

A nota da EIU sublinha ainda que "vai demorar ainda alguns anos até que qualquer um destes blocos comece a produzir petróleo ou benefícios", uma vez que "depois do processo de leilão oficial abrir vai demorar alguns meses até as companhias serem escolhidas, e depois disso a exploração pode demorar vários anos, por isso não haverá qualquer mudança imediata nas taxas de produção".

Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, atrás da Nigéria, com cerca de 1,7 milhões de barris/dia e o objetivo confesso é atingir a cifra de 2 milhões em 2017, depois de anteriormente ter sido equacionado o ano de 2015.

O crude representa 97% das exportações e 80% da receita fiscal, mas a indústria petrolífera emprega apenas 1% da população, que já soma mais de 21 milhões, segundo o Banco Mundial, dos quais a maioria vive com menos de 2 dólares por dia, de acordo com os dados das Nações Unidas.

Lusa

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