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Domingo, 20 Março 2016 07:38

PM português deu luz verde a entrada de Isabel dos Santos no BCP

Em São Bento, Primeiro-ministro António Costa recebeu Isabel dos Santos para lhe dizer que apoiava a sua entrada no capital do BCP, diz o Expresso na sua edição de hoje. Este encontro terá tido como objectivo pôr fim à longa contenda que existe entre a empresária angolana e o BPI onde tem 18,6% directamente. Com isto António Costa pretende resolver o impasse negocial entre os accionistas do BPI.

Isabel dos Santos está de saída do BPI mas quer continuar a ter uma presença relevante no sector financeiro em Portugal. Por isso, diz o Expresso, e porque a sua participação de 42,5% no BIC Portugal não chega, a empresária está a estudar a hipótese de se tornar accionista do BCP.

Esta actuação diplomática do líder político permite evitar que o Estado tenha de recorrer à alteração legislativa para resolver o impasse entre o BPI e Isabel dos Santos. O governo admitia, por sugestão do BCE, transformar em lei uma recomendação da CMVM, para tornar ineficaz a blindagem de votos no BPI. Como se sabe a blindagem de votos a 20% tem sido a grande arma de Isabel dos Santos no braço de ferro com o Caixabank (que tem 44% mas manda 20%).

De acordo com o Expresso, a empresária angolana Isabel dos Santos vai poder entrar no capital do BCP e a luz verde foi dada pessoalmente pelo próprio primeiro-ministro que assim se junta ao apelo do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que no seu discurso de tomada de posse apelou a que o "sistema financeiro previna em vez de remediar e não crie ostracismos ou dependências contrárias ao interesse nacional, política a ensaiar novas fórmulas, exigência de respostas mais claras, mais rápidas e mais equitativas". Alegadamente referindo-se nas entrelinhas ao interesse dos bancos espanhóis em comprar os bancos portugueses.

Aliás o interesse de Isabel dos Santos no BCP não é  novidade, uma vez que propôs em 2015 uma fusão entre o BPI e o BCP, cujo maior accionista é a Sonangol (com 18% do banco liderado por Nuno Amado). 

Se Isabel dos Santos comprar no mercado uma posição qualificada no BCP, a juntar à que já tem o Grupo Sonangol (17,84%) e o Grupo Interatlântico (2,04%), pode dizer-se que o banco fica maioritariamente angolano na sua estrutura accionista. Isto se Isabel dos Santos não comprar parte da posição da Sonangol no BCP, o que algumas fontes consideram possível. 

O Expresso diz também que em Luanda, Isabel dos Santos e a sua equipa foram chamados para ajudar a reestruturar a petrolífera angolana, a viver um momento difícil devido à baixa do preço do petróleo.

O BPI e a Santoro estão a um passo para a concretização de um acordo que vai salvar o banco da exposição elevada aos grandes riscos de Angola.  O negócio — que deverá significar a saída do BPI de Angola e a saída de Isabel dos Santos do BPI – já terá o aval da angolana Unitel, detentora de 49,5% do BFA. Falta ainda o suporte legal de toda a operação e a avaliação das respectivas posições que estão em jogo: os 18,6% de Isabel dos Santos no BPI que o Caixabank terá de lhe pagar, assim como os 50,1% que o BPI detém no BFA e que a Unitel (sozinho ou com outros) irá comprar. Mas não só: terá de haver a aprovação do Banco Nacional de Angola, do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco de Portugal.

Não se prevê que haja oposição dos reguladores, sobretudo de Luanda.

As contas que o Económico fez com a ajuda do Banco Carregosa, e usando os múltiplos do mercado, permitem estimar que o BPI recebe 600 a 700 milhões por vender 50,1% do BFA e a Santoro recebe entre 310 e 400 milhões pelos 18,58% do BPI. À Caixabank a OPA pelos 56% do BPI pode custar entre 950 a 1.125 milhões de euros, segundo os nossos cálculos.

Econômico

 

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