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Segunda, 04 Janeiro 2016 07:53

Isabel dos Santos acusa BPI de desrespeito por avançar com cisão do Banco BFA

A angolana Unitel liderada por Isabel dos Santos criticou a opção do BPI de avançar com o projeto de cisão do Banco de Fomento Angola (BFA), sabendo de antemão da sua oposição, lê-se numa carta enviada a Fernando Ulrich, presidente executivo do banco português.

A operadora de telecomunicações, que conta com a empresária Isabel dos Santos como uma das principais acionistas, considerou "desrespeitoso que o Banco BPI, tendo um processo negocial em curso com a Unitel, tenha decidido abandonar esse processo aprovando a solução que sabe não ser aceite pelo seu parceiro no BFA".

No documento datado de 31 de dezembro de 2015 e que hoje foi disponibilizado no portal da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Unitel criticou também que o BPI "o tenha feito sem dar uma palavra prévia ao seu parceiro que, de novo, teve informação sobre o que se passava pelos jornais".

A agência Lusa tentou contactar fonte oficial do BPI para obter uma reação mas, até ao momento, tal não foi possível.

A Unitel detém 49,9% do BFA e o Banco BPI controla 50,1% do capital do banco angolano, tendo a primeira garantido na carta enviada aos líderes do banco português que "esta posição de não aceitação da solução proposta não está condicionada a qualquer negociação, sendo final e definitiva".

No mesmo documento a Unitel revelou que quer adquirir mais 10% que estão nas mãos do BPI, por 140 milhões de euros, e passar a deter a maioria do capital.

Com o projeto de cisão simples, o objetivo da equipa de gestão do BPI é entregar aos seus acionistas a maioria do capital do BFA, além de outros interesses que detém no setor financeiro em África, de modo a respeitar as exigências do Banco Central Europeu (BCE) que implicam a redução da concentração de riscos ao Estado angolano.

Mas para que tal seja possível, no caso específico do BFA, o banco português necessita do acordo da Unitel, devido ao acordo parassocial estabelecido entre ambos e que está em vigor.

A Unitel já fez saber publicamente, por mais do que uma ocasião, que está contra o projeto de cisão proposto pela administração do BPI.

A companhia angolana revelou agora que, há cerca de dois meses, apresentou ao BPI três alternativas à cisão simples: a aquisição pela Unitel de uma participação adicional no capital social do BFA (cujos termos se conheceram hoje), a realização de uma operação de cisão económica que permitisse uma recomposição do seu capital e da sua estrutura de controlo, e a realização de uma oferta pública de venda (OPV) do BFA através da dispersão em bolsa de cerca de 30% do capital do BFA, que seria vendida em termos equiparáveis por ambos os acionistas.

A Unitel revelou que, numa reunião em Londres, a equipa liderada por Fernando Ulrich se mostrou indisponível para trabalhar a primeira solução.

Já a cisão económica foi "rapidamente, por vontade do BPI", substituída por uma "solução de cisão simples com recomposição do capital social", informou a operadora angolana, acrescentando que nunca acreditou que a CMVM aprovasse esta operação.

Quanto à possibilidade de lançar em bolsa parte do capital do BFA, esta solução "foi abandonada pelo BPI porque, no seu entender, já não havia tempo para a implementar (apesar de, nessa altura, ainda faltar quase um semestre para a data imposta pelo BCE)", vincou.

"Foi assim sem surpresa da nossa parte que recebemos a notícia da não-aceitação pela CMVM da solução de cisão simples com recomposição do capital social. Mas foi com uma inaudita surpresa que recebemos a informação que o Banco BPI, tendo já recebido duas informações da Unitel que não aceitava a cisão simples, entendeu aprovar essa mesma cisão no Conselho de Administração, apresentar o seu projeto a registo na Conservatória do Registo Comercial, encontrando-se prevista para proximamente a convocação de uma AG para a sujeitar à decisão dos seus acionistas", assinalou a Unitel.

E acrescentou: "Temendo ser repetitivos, permitam-nos que, pela terceira vez (por escrito), manifestemos perante o Banco BPI a nossa não autorização à realização dessa operação".

A operação do BPI em Angola é a sua 'jóia da coroa', tendo representado 70% do lucro que o banco conseguiu entre janeiro e setembro de 2015, ou seja, 105 milhões de euros do total de 151 milhões de euros.

Lusa

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