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Terça, 29 Setembro 2015 09:08

Acordo cambial com China pode permitir a Angola superar falta de dólares

A quebra de receitas petrolíferas tem levado as autoridades angolanas a restringir a disponibilização de dólares, e, de acordo com o português Banco BPI, uma solução pode estar “em parte” num acordo cambial com a China.

No seu mais recente relatório sobre a economia angolana, o banco BPI afirma que, para a China, semelhante acordo assegurava as compras de petróleo a Angola e solidificava o seu papel como fornecedor das importações angolanas.

“Para Angola, este acordo poderia, por um lado, permitir colmatar em parte a falta de dólares que são necessários para pagar as importações, mas em termos de fluxos cambiais seria potencialmente de efeito nulo”, referem os analistas do BPI.

Apesar das dificuldades relacionadas com a quebra das receitas petrolíferas, o montante de reservas internacionais é considerado pelo BPI de “relativa robustez”, atendendo aos dados oficiais publicados pelo Banco Nacional de Angola.

Contudo, adianta, a elevada divergência da taxa de câmbio oficial para a do mercado informal indica que os problemas de liquidez no mercado cambial “ainda não foram resolvidos”, tendo o valor do kwanza recuado já perto de um terço em relação ao dólar, no último ano.

Dados da Organização Mundial do Comércio de 2014 indicam que a China já terá subido à primeira posição na lista dos maiores fornecedores de Angola, sendo já o principal parceiro comercial angolano, com trocas de cerca de 30,5 mil milhões de dólares em 2014.

Na última década, a China passou a ser o principal mercado de destino das exportações petrolíferas angolanas, ultrapassando os Estados Unidos, e Angola alcançou a segunda posição entre os fornecedores de petróleo chineses, de acordo com a Energy Intelligence Agency.

“Angola apresenta-se como um dos países que mais beneficiou do estreitamento das relações comerciais com a China”, afirma o BPI.

De acordo com o relatório da agência angolana de investimento (ANIP), no primeiro trimestre de 2015, a China foi responsável por cerca de 46% do total investido por estrangeiros em Angola, mais 10 pontos percentuais do que no período homólogo.

Um estudo recente da Brookings Institution, com base em dados do Ministério do Comércio Chinês, coloca Angola em terceiro lugar entre os países da África a sul do Saara que atraem maior investimento chinês.

Para o BPI, a travagem do investimento chinês “poderia ser penalizadora para Angola, mas o esforço de cooperação oficial entre os dois países sugere que as autoridades estão empenhadas em contornar a situação.”

“As autoridades angolanas parecem estar a trabalhar em termos diplomáticos para que se continuem a aprofundar as relações bilaterais com a China e garantir que se mantenha o financiamento chinês a projectos de construção de infra-estruturas, pelo menos é o que sugere a recente visita oficial do presidente de Angola à China”, adianta.

Paralelamente, Angola tem acedido a empréstimos com condições preferenciais, através de uma linha de crédito a Angola que é liquidada através das exportações de petróleo.

Para o BPI, a estratégia de investimento da China em Angola e noutros países africanos “tem tido uma visão de longo prazo e, como tal, os investimentos foram direccionados para projectos estruturais, essencialmente sob a forma de investimento directo estrangeiro”. (

Macauhub/AO/CN

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