Em África, Angola e Nigéria são as duas maiores “vítimas” da quebra do preço do petróleo, que está a negociar na casa dos 72 dólares em Londres e 68 dólares em Nova Iorque. No caso nigeriano, a descida obrigou a uma revalorização da moeda nacional, o naira, que desvalorizou a economia em 40 mil milhões de dólares.
No caso angolano, a austeridade orçamental é já um dado adquirido para os próximos tempos. Mas também será necessário um aumento do financiamento externo, através de obrigações ou empréstimos sindicados. A possibilidade de um resgate do Fundo Monetário Internacional, tal como aconteceu em 2008, não está afastada.
“Se não houver suporte para os preços do petróleo, o défice orçamental pode ficar muito acima dos 7,6 por cento e aí podemos ter um programa do FMI”, afirmou à Reuters uma analista do Standard Bank, Samantha Singh.
As receitas petrolíferas representam perto de metade do PIB angolano e 90 por cento das entradas de reservas de moeda estrangeira. O kwanza tem vindo sucessivamente a registar mínimos históricos, e já desvalorizou perto de 3 por cento desde setembro. A desvalorização da moeda significa que as importações, de que Angola depende, vão tornar-se ainda mais caras.
O orçamento para este ano tinha como base um preço do petróleo de 98 dólares por barril, cerca de 20 dólares acima da cotação atual. Apontava para um crescimento do PIB de 8,8 por cento e um défice de 5 por cento do PIB.
Atualmente, o nível de reservas externas é considerado confortável – 27 mil milhões de dólares. Se os preços do petróleo continuarem abaixo dos 80 dólares por mais alguns meses, contudo, o kwanza vai continuar a desvalorizar-se e o défice orçamental vai continuar a crescer.
Há poucos dias, a a agência de notação financeira Fitch veio avisar que Angola pode precisar de uma dose substancial de austeridade orçamental para <a href="http://www.africamonitor.net/pt/economia/fitch-angola/">evitar um corte no “rating” do país, que tornaria mais difícil o acesso a financiamento a custos comportáveis.
AM