Segunda, 16 de Junho de 2025
Follow Us

Terça, 15 Março 2016 15:43

Dispara número de mortes nos hospitais do país

Este (abertura) é o comentário de um médico que, desesperado, terá posto a circular ontem um apelo em nome de salvar os “nossos filhos que estão a morrer” numa unidade hospitalar, a Pediatria de Luanda. Só nesta Segunda-feira, 14, terão morrido 27 crianças no hospital pediátrico de Luanda. No hospital da Samba morrem em média outras 27 pessoas. Em suma, em todos os hospitais a média da mortalidade subiu, segundo contam fontes diversas.

O apelo mexeu com a sensibilidade de alguns cidadãos altruístas que decidiram propagá-lo via mensagens telefónicas e redes sociais para mobilizar o maior número possível de aderentes no sentido de recolher o apoio possível para o hospital em causa.

Este caso parece ser apenas a ponte do iceberg de uma situação mais grave que Luanda e o país estarão a viver no sector da saúde e que algumas vozes denominam de “catastrófica”. Fontes oficiais contactadas não confirmam nem desmentem a ocorrência de tal situação.

Segundo relatos, os hospitais estão sem medicamentos, as enfermarias cheias e o pessoal médico e de enfermagem exausto e incapaz de responder à demanda. Um conhecido profissional no ramo da saúde postou nas redes sociais: “temos todos de arregaçar as mangas para estancar esta tragédia que ocorre amiúde nos Hospitais.

Uma Conferência Nacional para a Salvação do Serviço Nacional de Saúde impõe-se, é urgente, para que de forma concertada discutamos a saída para essa Crise do Sistema Nacional de Saúde”. Rosa Bessa, directora do Gabinete de Saúde de Luanda recusou-se a comentar a situação actual, remetendo tudo para o Ministério.

Filomeno Fortes, coordenador Nacional do Programa de Luta Contra a Malária, contactado por OPAIS, recusou-se a comentar sobre o que se fala, remetendo tudo para os próximos dias, “altura em que o ministério terá dados e números concretos, na sequência de um diagnóstico da situação”. Entretanto, aquele responsável do sector da Saúde disse que o ministério também está preocupado com a “aparente situação de degradação do sistema”.

Recusando-se a confirmar a escassez de medicamentos e material gastável nos hospitais, Filomeno Fortes revelou que o responsável da logística do Ministério da Saúde acabava de ter um encontro com o novo ministro da Saúde nesta Segunda-feira, 14, e “estava a trabalhar no sentido de melhorar a logística nos hospitais”. Luís Bernardino, médico do Hospital Pediátrico, confirma a subida do número de óbitos registados naquela unidade hospitalar e diz que um dos problemas é a falta de eficiência nos hospitais da periferia.

Para ele, os hospitais da periferia deveriam ter capacidade para fazer transfusões sanguíneas, permitindo assim que os pacientes evacuados para as unidades de referência chegassem em melhores condições. “Estas subidas são cíclicas, quando está a chover muito, porque sobem os casos de malária como principal causa de morte, tudo porque a doença enfraquece as vítimas que deveriam sofrer uma transfusão logo à chegada”. Segundo o médico, com o trânsito infernal que os pacientes têm que enfrentar, chegam aos hospitais em falência completa.

O País

 

Rate this item
(0 votes)