Este e outros negócios foram apanhados nas escutas telefónicas ao processo Vistos Gold. A 8 de janeiro do ano passado, Figueiredo telefonou a Bruno Sá após ter sido informado por Paulo Eliseu, também funcionário do IRN, de que aquele iria vender a aplicação informática para o Tribunal Constitucional de Angola. Deu-lhe conta de que não abdicaria da comissão.
Ainda na mesma conversa, António Figueiredo avisa Bruno para ter cuidado com a forma como se processarão os pagamentos e o modo de fazer sair o dinheiro de Angola. Bruno responde: "É a mesma forma que nós fizemos da outra vez, portanto está tudo controlado.
" A 15 de janeiro, nova conversa. Figueiredo fala com o jurista que vai trabalhar na aplicação e diz-lhe que tem de pressionar os angolanos. "Temos de o apanhar cá [ao contacto em Angola] e definir as coisas como elas são.
" Voltam a falar de comissões. O jurista aconselha Figueiredo a exigir percentagens, o então presidente do IRN responde que também preferia ficar com projetos e que com cada um acertaria um montante.
Outra escuta. A 31 de janeiro, sabe-se que o negócio abortou. Bruno ligou a Figueiredo a comunicar-lhe que cessou a colaboração com o empresário angolano e que lhe agradece pelo lucros dos últimos seis meses.
A 11 de dezembro, em conversa com o juiz Antero Luís – que hoje é desembargador na Relação de Lisboa, mas já dirigiu o SIS –, António Figueiredo já tinha comentado a importância dos negócios. E dava conta ao magistrado de que tanto ele (presume-se que a referir-se a Bruno Sá) como o jurista iam ficar em Portugal, para trabalharem para ele na aplicação Informática do Tribunal Constitucional.
No mesmo período, Figueiredo elaborou vários códigos jurídicos para o mesmo empresário angolano.
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