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Terça, 27 Outubro 2015 10:02

Sociedade civil felicita o fim da greve de fome de Luaty Beirão

Luaty Beirão anunciou, através de uma carta entregue à familia, o fim da greve de fome em protesto contra a sua prisão preventiva. A sociedade civil, nacional e internacional congratula-se com a decisão do ativista.

Na carta, escrita na segunda-feira e tornada publica esta terça (27.10), o também conhecido por rapper Brigadeiro Mata Frakuz que continua internado na Clínica Girassol (unidade hospitalar da empresa petrolífera Sonangol), dedicou a missiva aos seus companheiros de luta, à sociedade civil angolana e também à comunidade internacional.

"Conseguimos muita atenção em volta da nossa causa. Muita dela recai agora sobre mim. Por isso pedi para me juntar a vocês em São Paulo e assim, podermos falar a uma só voz", refere a carta.

Luaty Beirão disse que apesar de cancelar a greve de fome que começou no dia 21 de setembro, não vai desistir dos seus ideais e ao mesmo tempo, agradeceu a todos que continuam a clamar pela liberdade dos presos políticos em Angola.

"Não vou desistir de lutar, nem abandonar os meus companheiros e todas as pessoas que manifestaram tanto amor e que me encheram o coração. Muito obrigado. Espero que a sociedade civil nacional e internacional e todo este apoio dos media não pare."

O ativista diz ser inocente das acusações que pesam sobre si e sobre outros arguidos do caso 15+2 e desafia os governantes a terminarem com a greve humanitária e de justiça.

"Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve de fome. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardarmos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça. De todos os modos, a máscara já caiu. A vitória já aconteceu. E o mérito a seu dono: foi o próprio regime que, incapaz de conter os seus próprios instintos repressivos, foi, a cada decisão, obviando a vã promessa de democracia, liberdade de expressão e respeito pelos direitos humanos."

E depois do "caso Luaty"?

A suspensão da greve de fome do activista angolano Luaty Beirão levanta muitas perguntas, no momento em que o caso teve uma enorme repercussão internacional, com o relator especial das Nações Unidas para a Situação dos Defensores dos Direitos Humanos das Nações a pedir a libertação dos activistas.

Questiona-se se o caso terá um epílogo como julgamento em Novembro ou se haverá consequências a nível interno.

O professor e cientista político Nélson Pestana Bonavena acredita que a luta dos activistas vai continuar, noutros moldes, porque “alguma coisa no país terá de mudar”.

Bonavena aconselha as famílias dos activistas, por exemplo, a “continuarem a exigir os direitos dos seus parentes”.

Entretanto, Joao Pinto, quarto vice-presidente da bancada parlamentar do MPLA, entende que nada vai mudar e acusa Luaty e companheiros de serem instrumentalizados pelos partidos políticos da oposição.

Pinto vai mais longe e acusa  Luaty de apenas chantagear o poder executivo e judicial: “O senhor Luaty apenas queria fazer chantagem, mas a imagem do governo angolano não depende dele”.

Reações da comunidade internacional ao fim da greve de fome de Luaty Beirão

A presidente da Amnistia Internacional em Portugal, Teresa Pina, congratulou-se com o anúncio do fim da greve de fome do ativista angolano Luaty Beirão, que considerou ter sido "um ato de bravura e coragem", disse Teresa Pina à agência Lusa sem esconder o alivio por “não se perder uma vida humana” e evitar-se a deterioração da situação.

A eurodeputada Marisa Matias (BE) considerou uma "boa notícia" o fim da greve de fome do luso-angolano Luaty Beirão porque, assim, o ativista continua a ser um "ativo permanente na luta".

Já Ana Gomes, eurodeputada pelo PS, destacou "a determinação" de Luaty Beirão "e dos outros presos em mostrar a face deste regime, que é realmente antidemocrático e ladrão". A eurodeputada considerou a decisão de Luaty parar com a greve de fome de um "grande alívio”.

O escritor angolano José Eduardo Agualusa considerou que o objetivo da greve de fome do rapper luso-angolano Luaty Beirão "não foi cumprido", mas "chamou a atenção" para a questão dos presos políticos em Angola. "O objetivo a que se propunha não foi conseguido, que era o de esperar em liberdade pelo julgamento. Mas, na realidade, aquilo que mais importava, que era chamar a atenção para os presos políticos, foi conseguido completamente. Gerou-se um movimento de solidariedade dentro e fora do país, que gerou uma dimensão que ninguém estava à espera. Aí ele triunfou completamente", frisou o escritor angolano.

O ativista Luaty Beirão perdeu 23 quilos na greve fome que terminou, iniciando agora "batalhas" pela recuperação física e para provar a inocência em tribunal, disse a mulher, Mónica Almeida, à agencia Lusa, em Luanda.

O início do julgamento, que envolve outras duas arguidas em liberdade provisória, está agendado para 16 de novembro, no Tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda.

DW Africa | Voanews

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